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Cipreste Azul


O óleo que faz neurônios crescerem e paralisa a tensão muscular
"O cipreste azul (Callitris columellaris (sin.: Callitris intratropica)) é um novo óleo essencial que chega na aromaterapia armado de grande potencial terapêutico. Seu maior destaque é a sua capacidade neuroprotetora e indutora do crescimento de axônios em neurônios, útil a quem sofre de doenças associadas com a perda neural (como o Alzheimer, esclerose múltipla, avc, senilidade e outros), e sua potente ação relaxante muscular, que o torna um dos recursos mais eficientes para uso na massagem." LZ
Indicações terapêuticas:
- Antiinflamatório útil em bursites, artrites e reumatismos +++
- Analgésico útil em tendinites, contusões e distensões musculares +++
- Relaxante muscular útil em torcicolo, tensão e nódulos musculares ++++
- Antialérgico (pele, rinite) ++
- Antifúngico e antimicrobial (bactérias e micoses) +++
- Cicatrizante útil em feridas e queimaduras +++
- Regenerador da pele e rejuvenescedor +++
- Antioxidante +++
- Anticancerígeno e antitumoral +++
- Imunoregulador em doenças auto-imunes como dermatites +++
- Reduz convulsões e frequência de ataques epilépticos
- Possui efeito hipotensor +
- Aumenta a motilidade intestinal melhorando a prisão de ventre ++
- Reduz rugas e linhas de expressão ocasionadas por tensão dos músculos faciais ++++
O cipreste azul é uma árvore nativa do norte e oeste da Austrália procurada nestas áreas para uso de sua madeira.
Seu óleo essencial difere dos óleos de ciprestes tradicionais, até por que é obtido da madeira e não das folhas. Seu processo de destilação é demorado e pode durar até 48 horas sob temperatura e pressão controladas para não destruir moléculas sensíveis como os azulenos, que dão uma magnífica cor azul a este óleo essencial. Seus principais azulenos são o guaiol e o guaiazuleno, este último possui propriedades anti-oxidantes8, anti-asmáticas5, anti-inflamatórias, anti-piréticas6 e anti-alergênicas7 similares às do camazuleno. Além disso o guaiazuleno se mostrou eficiente no tratamento da dermatite recalcitrante22.
Quando o óleo de cipreste azul é primeiramente extraído, ele possui um teor de guaiol muito alto (26-30%). O guaiol é o componente principal responsável pelo aroma do óleo de pau santo falso (Bulnesia sarmientoi). O óleo com esta porcentagem de guaiol vem a ficar sólido em temperaturas inferiores a 18ºC. Para evitar isso, o guaiol cristalizado é separado do líquido por filtração a vacum para atingir níveis próximo de 11%. O guaiol possui propriedades antioxidantes e antimicrobiais34,35,36.
A madeira e os galhos possuem em torno de 85% de a-pineno. Para reduzir os níveis de a-pineno, na destilaria as primeiras horas das partes destiladas é descartada. Ou, alternativamente a madeira picada é deixada exposta ao ar antes de ser destilada, para parte do a-pineno evaporar para a atmosfera. Este óleo modificado se torna assim uma nota de base tendo um aroma amadeirado doce, balsâmico e herbáceo. É um excelente fixador de perfumes que mistura bem com outras notas amadeiradas, cítricas e aromas “verdes”, caindo muito bem, especialmente em perfumes masculinos. Comercialmente somente se encontra para comprar o óleo sem a-pineno e com teor de guaiol reduzido.
O cipreste azul contém também em seu óleo certa quantidade eudesmol, conhecido por sua ação antiviral1 em óleos empregados por aromaterapeutas no tratamento de verrugas e herpes. Os isômeros do eudesmol também veem sendo estudados pelo seu poder de inibição de tumores e variados tipos de câncer, seja por uma ação indutora da apoptose (morte celular) ou ação anti-angiogênese9,10,11,12,13,14,15. O guaiazuleno também mostrou ter propriedades anticancerígenas, inclusive mais fortes que as do a-humuleno (presente na sucupira) na inibição proliferativa de células tumorais com ação anti-radicais livres marcante16,17.
Mas o uso mais proeminente do b-eudesmol do óleo de cipreste azul, é no sistema nervoso. Primeiro, foi observado que o b-eudesmol possui a capacidade de induzir o crescimento de neurônios, com aumento da extensão de axônios25,26, sendo uma promissora terapêutica, de acordo com estudos, no tratamento da doença de Alzheimer26 e outras patologias associadas à perda neural.
Além disso, este componente demonstrou ter uma ação antagonista à toxidade letal induzida pelos organofosfatos (tipo de agrotóxicos) pela reversão da falência neuromuscular e redução da ocorrrência de convulsões28,29. Este resultado sugere seu potencial terapêutico no controle dos ataques epilépticos e convulsões.
O isômero a-eudesmol, mostrou ter ação neuroprotetora no AVC reduzindo o tamanho da área infartada27. Devido a reduzir a inflamação neurogênica no sistema trigêmio-vascular30, responsável pela sensibilidade na face e no crânio, o a-eudesmol mostrou-se igualmente eficiente no tratamento de variados tipos de enxaquecas.
Uma planta oriental, a Atractylodes lancea, indicada na medicina tradicional chinesa no alívio de dores musculares, contém como princípio ativo para este fim, o b-eudesmol. Foi descoberto que esta molécula, presente em consideráveis proporções no cipreste azul, é um bloqueador neuromuscular despolarizante que interrompe a transmissão do impulso nervoso na junção neuromuscular ao deprimir a liberação regenerativa de acetilcolina durante estimulação repetitiva, produzindo assim, paralisia dos músculos esqueléticos18,19,20. Além disso, o b-eudesmol mostrou aumentar o efeito da succinilcolina, droga utilizada com função bloqueadora muscular, tendo este efeito sido mais forte em animais diabéticos21.
Ao inibir a contração muscular induzida pelos nervos, o b-eudesmol promove uma ação relaxante muscular muito útil na massagem no alívio e liberação de nódulos de tensão muscular ocasionados por stress ou mecanismos inflamatórios. O cipreste azul por conter boa parcela deste composto, é desta forma um excelente óleo terapêutico para massagens.
Esta sua ação relaxante neuromuscular, ainda permite ao óleo de cipreste azul inibir localmente os nervos de contraírem os músculos faciais devido a um constante estado de tensão em pessoas estressadas, o que com o passar das semanas de uso, reduz as rugas faciais e linhas de expressão.
O b-eudesmol mostrou ter também um efeito inibidor dos receptores de dopamina e seratonina (5-HT) nos intestinos, induzindo assim a um aumento da motilidade intestinal24, mostrando potencial de uso do óleo essencial de cipreste azul no tratamento da prisão de ventre.
Ainda sobre as propriedades do b-eudesmol, este componente ativo do óleo de cipreste azul apresentou ação anti-inflamatória (com inibição da IL6)2,3, ação anti-ulcerogênica3, comprovado poder antifúngico contra micoses de pele31, propriedades hipotensoras32 e hepatoprotetoras33.
Em experiências práticas de aromaterapeutas ao redor do mundo, o cipreste azul tem demonstrado resultados muito satisfatórios no tratamento via inalação de alergias respiratórias (rinites) e de pele e parece ter uma ação imunomoduladora que responde em algumas desordens auto-imunes, como as dermatites.
Aspectos emocionais:
Este óleo atua naqueles que precisam perceber sua individualidade, valorizando-se, trabalhando a aceitação própria e sua força de vontade. Igualmente é um óleo com qualidades aterradoras, que dissolve emoções de pessimismo e agressividade (raiva). O cipreste azul produz um profundo estado de relaxamento, liberando couraças de tensão ao longo de todo o corpo, aliviando assim o estresse. Seda e tranquiliza, favorecendo a introspecção e reflexão.
Usos veterinários:
O óleo de cipreste azul ainda pode ser considerado como tendo potencial inseticida devido aos componentes b-eudesmol4 e guaiol23, contra a mosca doméstica e das frutas, ácaros e outros insetos.
Contra-indicações:
Deve-se evitar seu uso em mulheres grávidas (anti-angiogênico), pessoas com paralisia do diafragma e dificuldade respiratória (devido ao efeito bloqueador muscular do óleo), hipotensos, pessoas que tenham arritmia cardíaca e glaucoma.
CROMATOGRAFIA CIPRESTE AZUL LASZLO
Constituinte Porcentagem
β –elemeno 1.1
α – guaieno 0.7
β –chamigreno 1.7
β –selineno 3.9
Cis - β –guaieno 0.5
α- selineno 3.6
α-bulneseno 0.9
Guaiazuleno 0.1
Callitrina 1.1
Callitrisina isômero 1 0.9
Callitrisina isômero 2 1.9
Columellarina 0.4
Germacranolídeo isômero 1 0.2
Germacranolídeo isômero 2 0.1
Dihidrocolumellarina 10.3
Camazuleno 0.1
Elemol 1.7
Guaiol 15.2
γ- eudesmol 10.7
β- eudesmol 7.6
Bulnesol 12.7
Textos Fabian Laszlo
Aromatólogo e pesquisador de óleos essenciais
ÓLEO DISPONÍVEL À VENDA NA
LASZLO
Natural é Estar Bem!
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Copyright©: Este artigo pode ser reproduzido em sites e blogs na internet desde que citado nome do autor e contato.
Referências:
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Uso prolongado de calmantes pode elevar risco de Alzheimer

Usar por mais de três meses calmantes à base de benzodiazepínicos (conhecidos por nomes comerciais como Rivotril, Valium, Lexotan e Lorax) pode elevar o risco de Alzheimer. Essa é a constatação de uma pesquisa realizada por estudiosos canadenses e franceses e que contou com a participação de 8.980 pessoas com mais de 66 anos. Apesar do resultado, a razão da associação entre a doença e o medicamento não foi encontrada.
A análise, que foi publicada nesta terça-feira no periódico BMJ, verificou que aqueles que utilizaram os calmantes por mais de três meses apresentavam 51% mais risco de ter Alzheimer.Todos os participantes foram acompanhados durante um período de seis anos. Do total, 1.796 tinham o diagnóstico de Alzheimer no início do estudo. Cerca de metade dos que apresentavam a doença usou, em algum momento da vida, benzodiazepínicos — ante 40% dos que eram saudáveis. 
"Os remédios à base de benzodiazepínicos são, incontestavelmente, ferramentas preciosas para tratar ansiedade e insônia. Mas os tratamentos devem ser de curta duração e não devem passar de três meses", dizem os especialistas.
Na pesquisa, não foi relatada a mesma relação para os que utilizaram o medicamento por menos de três meses. "É fundamental incentivar os médicos a levar em consideração tanto os riscos, quanto os benefícios ao iniciarem uma terapia com esse calmante", afirmou Sophie Billioti de Gage, líder do estudo e estudante da Universidade de Bordeux, na França, à revista americana Time.

Ansiedade, ciúme e mau humor são fatores de risco para Alzheimer em mulheres

Mulheres ansiosas, ciumentas ou mal-humoradas na meia idade correm mais risco de desenvolver Alzheimer no futuro do que aquelas sem essas características. A conclusão é de um estudo que durou 40 anos e foi publicado nesta quarta-feira no periódico Neurology.
Questionário — Os pesquisadores também perguntaram às voluntárias se elas haviam tido períodos de stress com mais de mês de duração. Stress refere-se a sentimentos de irritabilidade, tensão, nervosismo, medo, ansiedade e distúrbios de sono. As respostas foram avaliadas de zero a cinco, sendo zero nenhum episódio e cinco stress constante nos últimos cinco anos. Mulheres que se enquadraram nas categorias três a cinco foram consideradas estressadas."A maioria das pesquisas de Alzheimer analisa fatores como escolaridade, risco cardíaco, trauma na cabeça, genética e histórico familiar", disse a líder da pesquisa, Lena Johannsson, da Universidade de Gotemburgo, na Suécia. "A personalidade também pode influenciar o risco de demência, porque afeta o comportamento, o estilo de vida e a reação ao stress."

Por 38 anos, os cientistas acompanharam 800 mulheres de, em média, 46 anos. Eles analisaram a personalidade das voluntárias por meio de testes de neuroticismo, introversão, extroversão e memória. Ao longo do estudo, dezenove participantes desenvolveram demência. O neuroticismo se refere à facilidade com uma pessoa se desestabiliza emocionalmente e a traços de personalidade como ansiedade, ciúme e mau humor. Pessoas que sofrem de neuroticismo são mais propensas a expressar raiva, culpa, inveja e depressão. 
De acordo com os cientistas, não foi encontrada nenhuma relação entre o risco de demência e a personalidade introvertida ou extrovertida. No entanto, mulheres que eram ao mesmo tempo introvertidas e estressadas eram aquelas com maior probabilidade de desenvolver Alzheimer. Das 63 participantes com essas características, dezesseis (25%), tiveram Alzheimer, ante oito das 64 (13%) que eram extrovertidas e calmas.



Insônia e Alzheimer

Pesquisadores da Suécia, após acompanhar um grupo de homens por quatro décadas, descobriram uma relação entre distúrbios do sono e risco elevado de demência. Segundo os especialistas, por exemplo, a chance de ter Alzheimer ao envelhecer foi 51% maior entre aqueles que se queixam de insônia e outros problemas para dormir. As conclusões fazem parte de uma pesquisa divulgada nesta semana periódico Alzheimer's & Dementia.  .
“É importante ressaltar que existem vários fatores, como o exercício físico, que podem influenciar a saúde do cérebro. Assim, concluímos que bons hábitos de sono são também essenciais para manter em dia a saúde do órgão conforme envelhecemos”, explica Christian Benedict, um dos autores do estudo e pesquisador da Universidade Uppsala, na Suécia.
Na pesquisa, a equipe acompanhou cerca de 1 000 homens de 50 anos de idade entre 1970 e 2010. Os autores cruzaram dados sobre relatos de distúrbios do sono e a incidência de demência entre os participantes.
Relação — De acordo com o estudo, os homens que relatavam ter problemas para dormir tiveram um risco 33% maior de desenvolver alguma demência em comparação com aqueles que não apresentavam distúrbios do sono. No caso específico do Alzheimer, essa chance foi 51% mais elevada. A pesquisa também concluiu que o risco de demência aumentou quando os problemas relacionados ao sono eram apresentados por homens acima dos 70 anos.
“Quanto mais tarde o distúrbio do sono é relatado, maior o risco de o homem desenvolver a doença de Alzheimer. Esses resultados sugerem que as estratégias destinadas à melhora da qualidade do sono no fim da vida podem ajudar a reduzir o risco da demência”, diz Benedict.
Sono - Outras pesquisas já constataram a importância de uma boa noite de sono para o cérebro. Por exemplo, um estudo recente da Universidade de Bonn, na Alemanha, concluiu que uma noite sem dormir causa sintomas de esquizofrenia. Além disso, um trabalho feito nos Estados Unidos e publicado em agosto mostrou que o risco de obesidade é 20% maior em jovens que dormem menos do que seis horas por noite.

Pesquisa identifica onze genes associados ao Alzheimer

O maior estudo genético sobre o Alzheimer feito até hoje identificou onze novos genes associados ao surgimento da doença. Com a descoberta, dobrou o número de genes relacionados à condição conhecidos pelos cientistas. Os resultados podem ajudar no desenvolvimento de remédios que previnam e tratem a enfermidade, acreditam os responsáveis pela pesquisa.
Até 2009, apenas um gene associado ao Alzheimer havia sido identificado. Desde então, e até a publicação desta nova pesquisa,haviam sido identificados outros dez. Segundo os autores do estudo, a descoberta fornece informações importantes sobre os mecanismos envolvidos no surgimento e progressão da doença. Uma variação no SORL1, um dos genes identificados pelo novo trabalho, por exemplo, parece ter um papel importante no acúmulo acima do normal da proteína amiloide no cérebro, que é uma das características da doença.

Pesquisa indica como detectar Alzheimer cinco anos antes dos primeiros sintomas

Cientistas da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, descobriram uma forma de detectar se os problemas de memória apresentados por um paciente podem evoluir para a doença de Alzheimer. Em um estudo, a equipe concluiu que níveis específicos de duas proteínas presentes no fluido cerebrospinal (líquido que envolve e protege o cérebro contra lesões) ajudam a prever o surgimento da doença até cinco anos antes do início dos sintomas.
Para os autores, a descoberta, publicada nesta quarta-feira na revista Neurology, pode auxiliar no desenvolvimento de medicamentos capazes de postergar ou evitar o surgimento do Alzheimer — atualmente, não existem drogas com esse efeito. Os pesquisadores acreditam que os testes feitos até agora falharam por terem sido realizados em pessoas que apresentavam sintomas relacionados ao Alzheimer e que possivelmente já haviam sido afetadas de forma mais grave pela doença. Acredita-se que a moléstia se desenvolva no cérebro pelo menos dez antes dos primeiros sintomas clínicos aparecerem.
“Quando vemos um paciente com pressão ou colesterol altos, não esperamos até que ele tenha uma insuficiência cardíaca para tratá-lo. O tratamento precoce em pessoas com doenças do coração evita que o problema se agrave, então é possível que o mesmo ocorra com indivíduos com Alzheimer pré-sintomático”, diz Marilyn Albert, professora de neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins e coordenadora do estudo.

Pesquisa usa pasta de amendoim para detectar Alzheimer

Por mais estranho que pareça, um pouco de pasta de amendoim e uma régua podem ser suficientes para diagnosticar a doença de Alzheimer em estágio inicial. A curiosa descoberta faz parte de um pequeno estudo feito na Universidade da Flórida e que será publicado na próxima semana no periódico Journal of the Neurological Sciences.
Na pesquisa, a equipe descobriu que pacientes na fase inicial da doença têm mais dificuldade em identificar determinados odores quando respiram somente com a narina esquerda. Isso pode ser explicado pelo fato de a habilidade de uma pessoa sentir cheiros estar associada a um nervo localizado em uma das primeiras partes do cérebro que é afetada pelo Alzheimer. Essa região, além do olfato, também é responsável pela formação de novas memórias.
A pesquisa começou quando Jennifer Stamps, pesquisadora do Centro para Olfato e Paladar do Instituto do Cérebro da universidade, decidiu criar um teste de olfato para pessoas com Alzheimer. Orientada por Kenneth Heilman, professor de neurologia da Universidade da Flórida, Jennifer chegou à conclusão de que a pasta de amendoim era uma boa opção para isso pois tem, segundo ela, um “odor puro”. Além disso, o alimento é bastante comum nos Estados Unidos e poderia ser reconhecido facilmente pelos pacientes.
O teste criado por Jennifer e Heilman foi ser realizado com 94 pacientes que, pelos sintomas, poderiam ter algum tipo de demência, incluindo o Alzheimer, ou comprometimento cognitivo leve. Nenhum deles, porém, havia recebido um diagnóstico até então.
Às cegas — O teste foi feito da seguinte forma: os médicos que atenderam cada indivíduo possuíam 14 gramas de pasta de amendoim (o equivalente a uma colher de sopa) e uma régua métrica. Os pacientes, então, com uma das narinas, boca e olhos fechados, foram orientados a tentar detectar o cheiro da pasta de amendoim. O médico aproximava o alimento do paciente em um centímetro a cada vez que ele não conseguia adivinhar o cheiro. Para isso, contou com a ajuda da régua. Depois, o mesmo procedimento foi feito com o mesmo indivíduo, mas dessa vez com a outra narina tampada.
Os médicos que realizaram o teste não sabiam do diagnóstico dos pacientes, que, de maneira geral, foi confirmado algumas semanas após esse exame.
Diferenças — Ao saber dos diagnósticos, a equipe observou que aqueles que apresentavam um estágio inicial de Alzheimer foram os que tiveram uma grande diferença na capacidade de detectar o odor entre as narinas esquerda e direita. Nesses casos, os pacientes somente conseguiram detectar o odor com a narina esquerda quando a pasta de amendoim estava, em média, a uma distância de 5,1 centímetros do nariz. Usando a narina direita, eles foram capaz de identificar o odor com uma distância média de 17,4 centímetros.
Os indivíduos que tinham outros tipos de demência, por outro lado, não apresentavam, no geral, diferenças entre as duas narinas. E, se havia diferença, a narina mais prejudicada era a direita, e não a esquerda.
Apesar dos resultados, os pesquisadores acreditam que mais estudos são necessários para compreender melhor de que forma o olfato prejudicado pode indicar a presença do Alzheimer. Segundo Jennifer, o teste pode ser usado, por enquanto, para confirmar diagnósticos, e não como único método para identificar a doença. “Pretendemos estudar pacientes com comprometimento cognitivo leve para saber se esse teste pode prever quais pacientes com o problema terão Alzheimer no futuro”, disse a pesquisadora em um comunicado divulgado pela universidade.

O presente de presente

Principal causa de demência entre pessoas com mais de 60 anos, a doença de Alzheimer tem efeitos devastadores – e inconfundíveis. À medida que ela avança, os neurônios morrem, conduzindo o paciente a um estado de alienação crescente. Sua vítima é acometida por alterações de comportamento, sofre de desorientação espacial e apresenta dificuldade para realizar tarefas simples do dia a dia, como alimentar-se ou vestir-se sozinha. Ensimesmada, não reconhece mais os amigos nem a família. Com o tempo, perde até mesmo a identidade. Tais sintomas, que caracterizam os estágios mais avançados, são conhecidos pela medicina há mais de um século, desde a descoberta da doença, em 1906. Agora, os especialistas esforçam-se para diagnosticar o Alzheimer em sua fase inicial, a fim de garantir a suas vítimas uma vida mais longa e com mais qualidade. Eles têm sido bem-sucedidos. Três em cada dez doentes têm o distúrbio identificado precocemente. Uma década atrás, essa proporção era de um para dez.
A detecção de qualquer doença grave em seus primeiros estágios é essencial para o sucesso de seu tratamento. No caso do Alzheimer, isso é ainda mais verdadeiro por se tratar de um dos poucos recursos disponíveis no controle do distúrbio. O mal não tem cura e os medicamentos disponíveis são capazes de frear sua evolução por apenas cinco anos, em média. "Quanto mais cedo os sintomas forem identificados, mais tem-po o paciente manterá suas funções cognitivas preservadas", diz o psiquiatra Orestes Forlenza, do Hospital Sírio-Libanês e do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, em São Paulo. Graças à descoberta do Alzheimer em seu início, a aposentada Antonieta Bracco Shulz, de 79 anos, consegue ter uma rotina razoavelmente normal. Há seis anos, preocupada com as falhas de memória, ela procurou um médico e logo iniciou o tratamento contra a doença. Hoje, Antonieta continua a morar sozinha, faz compras sem a ajuda de ninguém e mantém um hábito adquirido na adolescência – o da leitura diária. Ainda assim, é inevitável que seu quadro sofra deterioração. A cinquenta páginas do fim de Os Irmãos Karamazov, do russo Fiodor Dostoievski (1821-1881), Antonieta não se recorda de quase nada a respeito da história sobre a conturbada relação de um pai com seus quatro filhos. "Eu tenho consciência de que jamais me lembrarei daquilo que esqueci", diz a aposentada. "E isso me faz viver aprisionada num pesadelo." Durante a leitura, nada lhe tira a atenção. Ao fechar o livro, no entanto, ela percebe que muito pouco do que leu foi efetivamente registrado em sua memória. "Não consigo me lembrar nem das informações mais básicas, como o nome dos personagens principais", conta ela. "Eu não abandono o livro, porque a leitura em si me proporciona muito prazer." Desses momentos de satisfação, Antonieta tem lembrança.
O caso da aposentada é um exemplo emblemático das diferenças entre os primeiros sinais do Alzheimer e os lapsos de memória típicos do envelhecimento. Se for ajudado com pistas, um idoso não deixa de lembrar-se de um fato recente. Para o paciente com Alz-heimer, a nova informação não é nem registrada pelo cérebro. "Quando aplicamos um mesmo teste de memória num idoso e num jovem, se não houver limite de tempo para a sua realização, os dois farão a mesma pontuação", diz o neurologista Paulo Bertolucci, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Durante o envelhecimento, a membrana dos neurônios enrijece, dificultando a saída de resíduos tóxicos e a entrada de nutrientes. As células cerebrais passam, então, a funcionar em ritmo mais lento. Com o tempo, a comunicação entre elas enfraquece, daí os lapsos. Não há praticamente morte neural. O processo de instalação da doença de Alzheimer é infinitamente mais cruel. "Deixado a seu próprio curso, o distúrbio destrói de 30% a 50% de todos os neurônios nos cinco primeiros anos da doença", explica Ivan Hideyo Okamoto, neurologista do Hospital 
Albert Einstein e da Unifesp.
Na doença de Alzheimer, a destruição dos neurônios começa no hipocampo, área cerebral onde ocorrem o armazenamento das memórias recentes e o processo de aprendizagem. Os mecanismos envolvidos no distúrbio ainda não foram totalmente desvendados pela medicina. Sabe-se que duas proteínas contribuem para o seu aparecimento – a tau e a beta-amiloide, responsáveis, respectivamente, pela estrutura celular e pelo transporte de gordura para o núcleo das células. Produzidas em grandes quantidades, nos doentes de Alzheimer elas se depositam ao redor e no interior dos neurônios, sufocando-os. Quanto maior o número dessas células atingidas, mais severa é a deterioração das funções cerebrais. A idade é um dos poucos fatores de risco estabelecidos para o Alzheimer. Estudos de observação mostram que um estilo de vida saudável, repleto de atividades intelectuais, pode adiar o surgimento da doença, mas não impedir a sua manifestação.
Há 25 milhões de doentes de Alz-heimer no mundo, 1,2 milhão deles no Brasil. Com o aumento da expectativa de vida, nos próximos trinta anos esse número deve triplicar. Depois do câncer, o Alzheimer é a doença com o maior número de medicamentos em estudo – 91, em centros de pesquisa espalhados por diversos países. Os investimentos não se resumem apenas à descoberta de remédios mais eficazes. Os pesquisadores se dedicam à criação de instrumentos mais precisos para o diagnóstico precoce do Alzheimer. Nessa área, um teste de memória tem se revelado bastante promissor. É o TYM (sigla em inglês para Teste Sua Memória), desenvolvido por neurologistas do Hospital de Addenbrooke, na Inglaterra. Aplicado até agora em 700 pacientes, ele mostrou ter o dobro de acurácia em relação ao questionário mais utilizado hoje em dia O TYM ainda precisa ser testado em um grupo maior de pessoas, de culturas variadas, antes de ser incorporado à conduta médica
Zenah Haux, de 70 anos, trabalhou com comércio exterior por trinta anos. Devido à profissão, morou por uma década em Paris, onde aprendeu francês e inglês. No ano passado, ela começou 
a mostrar indícios da doença. Um deles foi não se lembrar de ter guardado a bolsa da filha Aida no armário da cozinha. Medicada, Zenah mantém autonomia para executar diversas tarefas do cotidiano. Passa as tardes sozinha em casa, preparando as refeições para a família. À mesa com as filhas e o marido, seu silêncio é absoluto. Enquanto todos contam sobre o dia, Zenah não consegue se recordar de nada do que fez nas horas anteriores. Depois do jantar, ela renasce. É a hora em que sai para passear com Aida. "São momentos de muita felicidade para mim", diz Zenah. "Vivo cada instante como se fosse durar para sempre." Como perde o passado e a noção de futuro, o paciente de Alzheimer existe somente no aqui e agora. "O presente mantém-se intocado na confusão mental que se estabelece com o distúrbio", diz a psicóloga Rose Alves de Souza Lima, diretora da Associação Brasileira de Alzheimer do Estado de São Paulo. Mas só por um breve, efêmero, fugidio momento
.

O ciúme que entrou para a história






Em novembro de 1906, num congresso de psiquiatria realizado na cidade alemã de Tubingen, o neuropatologista Alois Alzheimer (1864-1915) proferiu uma palestra que entraria para a história da medicina. Sob o título "Uma enfermidade específica do córtex cerebral", ele descreveu o quadro da senhora Auguste D. Aos 51 anos, em 1901, depois de ter em público um ataque feroz de ciúme do marido, ela foi internada com problemas de comportamento no Hospital Municipal de Lunáticos e Epiléticos, em Frankfurt, onde Alzheimer trabalhava. O local era um sanatório famoso por tratar de usuários de drogas mediante terapias humanizadas, como banhos terapêuticos e psicoterapia. Não havia explicação para a mudança tão brusca de comportamento de Auguste. Ela sempre se mostrara recatada e saudável em seus hábitos. O único dado destoante era que, seis meses antes, Auguste começara a ter lapsos de memória e apresentar dificuldade para se expressar. Esses déficits cognitivos se agravaram até sua morte, cinco anos mais tarde. Durante a necrópsia da paciente, Alzheimer analisou amostras do tecido cerebral dela. Foi então que ele observou o acúmulo de uma "substância incomum" no córtex cerebral. A tal substância, mais tarde se descobriria, era a proteína beta-amiloide. Ele descreveu seu achado da seguinte forma: "Uma patologia neurológica de causa desconhecida que envolve déficit de memória, alterações de comportamento e incapacidade para as atividades rotineiras". O distúrbio ganhou o sobrenome do neuropatologista em 1910, quando o psiquiatra Emil Kraepelin (1856-1926), também alemão, descreveu a descoberta de Alzheimer em seu Manual da Psiquiatria, uma das principais referências médicas no século passado. Até então, todos os lapsos de memória eram atribuídos sobretudo à senilidade ou ao uso de substâncias entorpecentes. Por muito tempo, não foi dada a devida importância ao achado de Alzheimer. Não por desleixo, mas por uma questão demográfica. Como até a II Guerra Mundial a expectativa de vida na Europa e nos Estados Unidos mal chegava aos 60 anos, a doença descrita por ele era rara.

8 Dicas

Dica 1:
Família
A família tem um papel fundamental para a boa ou má evolução do paciente com Demência. Por esta razão, reúna a família, discuta as possibilidades de participação de cada um na divisão de tarefas. Não exclua o paciente das reuniões festivas como Natal, aniversários, etc. Conscientize a todos, principalmente os netos. Nunca isole o paciente, trate-o sempre com carinho e respeito. Sua presença e amor são medidas eficientes que associadas ao tratamento farmacológico podem controlar muitas alterações apresentadas pelo paciente no curso da Demência.
Os passeios ao ar livre são aconselháveis e para isso dê preferência a roupas e calçados confortáveis de acordo com as condições climáticas. Evite sair com o paciente se ele estiver agitado ou agressivo. Preferencialmente, saia com dois acompanhantes. Evite ainda terrenos tortuosos, subidas ou descidas, prefira terrenos planos. Observe sinais de cansaço, suor intenso, falta de ar, e se presentes, peça ajuda imediata.
Atividades de lazer sempre são importantes. Se o paciente apreciava ir à praia, é possível manter esta atividade por um longo período. Mas, leve-o para a praia nos horários adequados para o banho de sol, entre 7h e 10h da manhã e após às 16h. Use protetor ou bloqueador solar e mantenha-o protegido sob o guarda-sol. Lembre-se, a pele merece muitos cuidados, em qualquer idade, especialmente nos indivíduos idosos quando a sensibilidade às agressões externas aumenta.
A situação exemplificada pela figura ao lado é extremamente conflitante para a família. De um lado, vê-se uma cuidadora solitária estressada, cansada pelos cuidados diuturnos dispensados ao paciente. De outro lado, observam-se outros membros da família descansados, bem trajados, que apenas “passam” para ver como o pacientes está. É muito comum, que com o passar do tempo e repetição desta situação, a família enfrente importantes conflitos entre seus membros, podendo chegar a rupturas em sua estrutura . Neste caso, é importante que todos os membros da família sejam envolvidos com os cuidados. A divisão de tarefas é uma alternativa possível e bastante funcional, caso a família se disponha a adotar este método.
Dica 2:
Atividade/Lazer
Os contatos com plantas, flores, pequenos animais de estimação, entre outras atividades lúdicas, têm sido referidos por diversos pesquisadores como benéficos para portadores de Demência, especialmente aqueles que apresentam alterações de comportamento como agitação e agressividade. Estas atividades podem ser incentivadas, porém, não se esqueça, elas devem ser supervisionadas. Molhar plantas e mexer com a terra, pode ser muito bom, mas você precisa garantir que o terreno apresenta segurança. Cuidado com tábuas, pregos, vasos pesados, pesticidas e adubos químicos. Em relação aos animais, converse com um veterinário para saber qual porte, raça e temperamento de cachorro ideal para o paciente. Mantenha vacinação atualizada.
Pacientes que ficaram viúvos, ou que passaram a viver longe de pessoas queridas precisam de atenção especial para evitar quadros depressivos. Ver fotos de pessoas queridas é um excelente passatempo, mas escolha fotos que marcaram eventos felizes para evocar lembranças agradáveis. Lembre-se que a memória remota está preservada, e por isso o paciente pode passar agradáveis momentos revendo momentos marcantes da sua vida.
Na Doença de Alzheimer, a memória mais prejudicada inicialmente é a memória recente. Por esta razão, álbuns com fotos de família, amigos, viagens, etc. costumam ser uma atividade extremamente prazerosa para o paciente, que ao observar alguns registros reconhece a situação e faz comentários sobre eles. Contudo, selecione as fotos que trazem pessoas e lembranças agradáveis. Os filmes antigos também costumam ser bem vindos para aqueles pacientes que gostavam de cinema. Fitas de vídeo, portanto, podem ser excelentes opções de lazer.
Alguns cuidadores têm a falsa impressão de que ao reunir amigos que costumavam bater longos papos, ou jogar cartas com o paciente estarão promovendo bons momentos de lazer. É preciso atentar para alguns detalhes e tomar certos cuidados. Por exemplo: pacientes que têm dificuldades com a linguagem, esquecem palavras, etc. podem ficar expostos a situações constrangedoras, especialmente diante de amigos que não entendem bem o que está acontecendo com eles. Jogar cartas envolve habilidades de raciocínio e planejamento que podem estar comprometidas. Pense que as perdas são graduais, e por isso, você deve observar para qual atividade o paciente ainda tem independência. Selecione os amigos que podem participar com ele, cada falha cometida deve ser encarada com naturalidade.
Pacientes bem alimentados, com atividades regulares durante o dia, não costumam “assaltar a geladeira” à noite. O paciente deve receber seis refeições diárias e a dieta leve e fracionada, ou seja, pequenas quantidades de cada vez. Os pacientes com voracidade, que é uma perda da saciedade que alguns pacientes apresentam ao longo da doença, e que faz com que a pessoa queira alimentar-se a todo momento, devem ter todas as suas refeições fracionadas (divididas) em pequenas porções. Por exemplo: café da manhã dividido em duas partes, lanche da manhã também, e assim por diante. Esta estratégia permite que o paciente voraz tenha a sensação de estar sendo atendido em sua necessidade de mais refeições, quando na verdade, ele estará recebendo a mesma quantidade de alimentos, o que para ele é o ideal. Retire os estímulos visuais, como fruteira, baleiros, potes de biscoitos, etc. e mantenha a geladeira limpa
Dica 3:
Comportamento
Algumas alterações de comportamento são bastante comuns no curso das Demências. A falta de iniciativa, ou apatia, representada pela ilustração ao lado, está presente quando o paciente, especialmente nas fases iniciais da Doença de Alzheimer, pode passar horas sentado, sem manifestar nenhuma iniciativa. É preciso que ele receba estímulos de sua família para envolver-se em alguma atividade para a qual ele ainda tenha competência. Convide-o para auxiliar em alguma tarefa, leve-o para passear, mantenha o diálogo, e evite comentários com amigos ou outras pessoas da família sobre a doença e sua evolução.
A figura sugere o paciente que apresenta o falso reconhecimento de que os personagens que está vendo nos programas de TV estão na realidade em sua casa conversando com ele. Delírio este, que o faz conversar com o personagem como se ele estivesse em sua frente. É preciso lidar com muito respeito com esta situação. Deve-se pensar que, para o paciente, a impressão é bastante real. Portanto, não o corrija, explique o que acontece às pessoas da casa e por mais engraçada que seja a situação, não permita que o paciente seja motivo de risos e comentários.
Tente conversar com o médico que acompanhará o paciente antecipadamente. Aproveite para relatar-lhe todos os déficits e dificuldades apresentadas pelo paciente. Evite falar sobre elas diante dele (a). É preciso levar em consideração o fenômeno conhecido como anosognosia, presente nas fases iniciais da doença, que se refere a falta de percepção que a pessoa com demência tem do próprio déficit, assim, no momento em que você relata ao médico alguma falha que ela tenha cometido, por não se lembrar do que fez, pode se magoar ou até mesmo tornar-se agressiva.
As figuras ao lado apresentam situações que devem ser evitadas, pois, freqüentemente desencadeiam alterações de humor e comportamento, como por exemplo, irritabilidade, agitação ou agressividade. Diante disso, é oportuno considerar que pacientes que apreciavam almoçar ou jantar fora com seus amigos e familiares podem continuar a fazê-lo, porém, é fundamental a criteriosa escolha do local. Evite restaurantes sofisticados, superlotados, barulhentos, mesas postas com vários tipos de talheres e copos, pois mesmo aqueles pacientes acostumados a freqüentar este tipo de ambiente, podem não se lembrar de como usar adequadamente talheres de peixe, cálices de vinho, etc. Prefira restaurantes calmos, bem iluminados e espaçosos. Que a música ambiente, se houver, seja da preferência do paciente. Alimentos pesados, bebidas alcoólicas, refrigerantes, precisam ser evitados mesmo quando o paciente está fora de casa. Tente manter o padrão da dieta recebida por ele diariamente, que deve ser leve com tempero suave em pouca quantidade. Procure sentar-se longe dos estímulos visuais, como doces, chocolates, sorvetes, tortas, etc.
Pacientes com diagnóstico de Demência não devem jamais sair sozinhos. A desorientação espacial é um fenômeno comum e você precisa considerar que mesmo nos itinerários “familiares”, ou seja, aqueles que por toda a vida o paciente fez, podem se tornar absolutamente estranhos a ele. Por esta razão, quando você perceber que já existe esta desorientação, mantenha as portas de casa que dão acesso à rua fechadas. E para não precisar retirar as chaves da fechadura, o que poderia causar agitação no paciente, instale uma fechadura adicional na parte inferior ou superior na porta, e esta chave sim, retire-a e guarde-a com você. Não permita que o paciente saia sozinho.
Evite que o paciente saia de casa acompanhado apenas por um amigo. É impossível afirmar se ele permanecerá calmo e orientado por todo o tempo que estiver fora. A desorientação espacial, por exemplo, é uma ocorrência comum e pode gerar para o acompanhante muita dificuldade para fazer o paciente aceitar o itinerário certo para retornar a sua casa. Estes pacientes são muito especiais, e levando-se em consideração, horário e tipo da atividade, ambiente, e abordagem correta do cuidador, é possível manter quase todas as atividades que ele fazia anteriormente a doença.
Esteja sempre atento ao atravessar a rua com alguém que tem Demência, é um conselho que precisa ser adotado. Dê-lhe o braço ou a mão, não exerça muita pressão, mas segure firme para que ao tentar se soltar, ele não consiga. Lembre-se, as ruas de tráfego intenso oferecem grande perigo para pessoas com marcha lentificada, deficiências físicas ou mentais, e por isso, devem ser evitadas. No caso do paciente encontrar-se muito agitado, saia de casa apenas se necessário, e neste caso, solicite que mais uma pessoa da família ou conhecida os acompanhe.
Sair para passear, ir à praia etc, são oportunidades de socialização. Pense, no entanto, que um minuto de distração do cuidador pode se transformar em grande transtorno para todos. É necessário considerar que estes pacientes apresentam desorientação espacial e facilmente se perdem, por isso não os deixe sozinhos. Providencie que estejam identificados com nome, endereço e telefone que podem ser gravados em pulseiras e pingentes
Dica 4:
Situações de risco
Para garantir a tranquilidade e principalmente a segurança do paciente confuso, é preciso que sejam colocadas telas de proteção nas janelas, especialmente nos ambientes de apartamentos localizados em andares altos. Se necessário, use como argumento a “presença de insetos” no ambiente.
É possível levá-lo ao supermercado, desde que para pequenas compras. Nunca deixe que ele pegue algo em uma prateleira enquanto você vai a outro setor, não o deixe só. Evite cansá-lo, não o deixe carregar sacolas, empurrar carrinhos, etc. Lembre-se, o paciente pode estar confuso, desorientado, e por isso, ficar alterado. Todas as atividades precisam ser supervisionadas.
Caso o paciente esteja apresentando um comportamento desinibido, com palavras e atitudes maldosas, evite levá-lo a passear por locais movimentados ou frequentados por estranhos. Lembrese, muitas vezes o paciente aparentemente não está doente, e para quem desconhece o que está acontecendo com ele, uma palavra ou gestos inadequados podem gerar reações violentas naquele que se sentiu ofendido ou desrespeitado, trazendo conseqüências bastante nocivas para o paciente.
Caminhadas regulares costumam ser prazerosas e propiciar um condicionamento físico bastante satisfatório. Porém, antes de iniciar qualquer atividade física, é necessária uma avaliação médica, para que seja determinado o tipo e o tempo gasto com cada atividade. Isto varia de pessoa a pessoa. Além disso, recomenda-se fazer sempre uma refeição leve antes da atividade. Levar água.
Os horários de refeições podem ser extremamente prazerosos para todos que convivem com o paciente. Acompanhe-o durante as refeições, sente-se à mesa com ele, inicie uma conversa simples, bem humorada. Evite que as medicações fiquem visíveis sobre a mesa. Após a refeição, ofereça o medicamento que já foi previamente separado por você. Supervisione sempre, tenha certeza de que a medicação foi ingerida.
Medicamentos e produtos tóxicos devem ser acondicionados em locais inacessíveis ao paciente. Alguns cuidados, porém, devem ser tomados. Os armários devem ser fechados, possuir ventilação, e as chaves devem igualmente ser inacessíveis ao paciente. Acidentes podem acontecer, e é preciso que o cuidador esteja atento para evitá-los. Você já deve ter percebido que as medidas que o auxiliam a prevenir acidentes são muito simples e fáceis de serem colocadas em prática.
A situação exemplificada pela figura ao lado é bastante comum entre idosos. É preciso levar em consideração que as avaliações médica, oftalmológica e odontológica fazem parte do contexto dos cuidados que deve ser dispensado a pessoa idosa com ou sem Demência. As próteses dentárias mal adaptadas costumam ficar frouxas na boca, o que dificulta a mastigação, deglutição e a comunicação. Além disso, podem causar para o paciente e sua família uma situação de grande constrangimento e lesões na mucosa oral ocasionando dor. Providencie para que o paciente visite o dentista uma vez por ano.
Nas fases iniciais da doença, os déficits com as atividades profissionais podem estar presentes. Pacientes que aparentemente são independentes para continuar exercendo suas atividades no trabalho costumam cometer falhas importantes, especialmente aquelas que envolvem finanças, documentação, etc. Sempre que possível, dê ao paciente a sensação de que ele continua exercendo suas atividades no trabalho com a mesma eficiência de antes. Isto é possível permitindo que ele execute sua atividade normalmente, mas que seu trabalho, sem que ele saiba, seja avaliado por outra pessoa, e se necessário refeito.
Adaptar o ambiente pode, às vezes, ser fundamental para manter a segurança pessoal e evitar acidentes como os representados pelas figuras. Tente manter o ambiente o menos poluído possível. Evite muitas peças de mobiliário, como por exemplo, mesas de centro, objetos de decoração espalhados, tapetes soltos, animais de estimação nas áreas de circulação do paciente, etc. Procure manter boa iluminação e peças na decoração que sejam familiares ao paciente, isto permite que não haja uma descaracterização do ambiente, o que o tornaria estranho. Muitos acidentes ocorrem devido a um simples tropeço, e caso haja uma queda, é importante que você busque ajuda, não levante o paciente do chão sem ter certeza de que não houve nenhuma fratura.
Os perigos que uma escada pode representar para um idoso com Demência são ilustrados ao lado. Porém, não se assuste, lembre-se de que o objetivo aqui é prevenir acidentes, e que algumas adaptações muito simples podem permitir maior segurança, especialmente entre aqueles pacientes que perambulam. Para manter a segurança é preciso que você dificulte o acesso do paciente às escadas, desencorajando-o assim a subir e descer desnecessariamente. Instale portões nos dois acessos, superiores e inferiores; mantenha iluminação adequada e se a escada for carpetada, certifique-se de que o carpete esteja bem preso e sem rugas; instale nos degraus faixas adesivas antiderrapantes coloridas e facilmente visíveis, e corrimões nos dois lados da escada.
A partir do momento do diagnóstico de Demência, é conveniente que todas as atividades desenvolvidas pelo paciente sejam supervisionadas. Especialmente as atividades instrumentais, que são aquelas que envolvem capacidade de planejamento e execução de uma tarefa mais complexa, podem estar comprometidas, e o que acontece é um verdadeiro desastre. Os eletrodomésticos, utensílios de cozinha, alimentos perecíveis, podem se constituir em diferentes perigos para o paciente, como por exemplo, incêndios, intoxicações, queimaduras, inundações, quedas, fraturas, ferimentos cortantes, entre outros. Não deixe que o paciente trabalhe sozinho na cozinha, oriente (enquanto possível), supervisione, auxilie.
Faça sempre um reforço positivo, elogie-o com frases do tipo “Olhe como você ficou bem, barbeado. O que você acha?” ou “Esta roupa ficou muito linda em você”. Prefira usar, sempre que possível barbeador elétrico, as lâminas podem causar acidentes e neste caso, é necessária sua supervisão direta. Mesmo que haja no ambiente certa desorganização dos objetos utilizados pelo paciente, evite comentários. Posteriormente, guarde tudo nos locais apropriados.
Explique ao paciente antecipadamente que você o levará ao médico para uma avaliação da sua saúde. Faça isso usando palavras calmas, em tom de voz baixo e suave, tente tranquilizá-lo. Evite palavras com tom ameaçador como: “Se você não for ao médico, eu...”; Prefira: “Quando sairmos do consultório médico, nós vamos à casa de...”; ou qualquer outra atividade que você sabe, será bem vinda pelo paciente. É importante que embora você tenha tempo apenas para um pequeno passeio, cumpra a promessa.
Procure, na medida do possível, frequentar ambulatórios médicos ou consultórios especializados no atendimento ao portador de Demência e sua família. Os profissionais que atendem neste locais e os outros familiares que lá estão são conhecedores das alterações apresentadas no curso das Demências, e, portanto, como bem ilustrado pela figura ao lado, o paciente não será repreendido pelo seu comportamento e você não se sentirá constrangido (a). Lembre-se, o paciente que perambula precisa de espaço livre e seguro para caminhar.
Dica 5:
Vestuário
Auxiliar o paciente com a escolha adequada das peças do vestuário pode evitar situações como a exemplificada pela ilustração ao lado. Observe quando o paciente apresenta dificuldades para fazer suas escolhas independentemente, e comece a auxiliá-lo. É importante que todas as pessoas da família sejam bem informadas do que acontece com o paciente, especialmente os netos, que pordesconhecerem o que está acontecendo com o avô ou avó, podem inconscientemente causar situações de constrangimento, depressão, irritabilidade e agressividade.
Talvez você já tenha vivenciado situações deste tipo. Embora ela possa causar irritação para o cuidador, é preciso que haja entendimento de que para o paciente está tudo certo. Gradativamente, esta pessoa perde a capacidade de crítica e julgamento, e por esta razão, não consegue diferenciar o que está certo e o que está errado. Tente resolver este problema, escolhendo previamente três mudas de roupa, e apresente-as para o paciente perguntando-lhe qual das três ele gostaria de usar. Além de o vestuário ser adequado ao clima e grau de dependência apresentado, dá ao paciente uma sensação de independência, pois a escolha final é dele.
Estimular o vestuário independente é ideal, mas... Pense que prevenir acidentes também! Observe a figura ao lado e veja como pode ser difícil para alguém que está perdendo sua habilidade de executar tarefas familiares, como vestir-se. Em alguns momentos, apenas orientar e observar pode não ser suficiente, e neste caso, o auxílio do cuidador(a) é indispensável.
Dica 6:
Cuidado pessoal
Ao observar que há dificuldade em vestir-se na ordem correta, por exemplo: vestir a cueca, calçar meias, vestir a calça mantendo o equilíbrio, etc. você precisa auxiliá-lo. Tente fazê-lo mantendo a calma, esta é uma sugestão de grande utilidade, quanto mais ansiosa e nervosa você ficar, mais difícil será completar a tarefa.
Tirar a roupa em público não é um comportamento normal e cria, para o cuidador, grande contrangimento. Em primeiro lugar, é preciso entender que este comportamento desinibido faz parte da evolução da Demência em alguns casos. Portanto, por mais que pareça proposital, não é. Tirar a roupa subitamente também pode ter outros significados, como por exemplo, vestuário apertado, calor, presença de insetos, necessidade de ir ao banheiro, etc. Adapte o vestuário às condições climáticas, dê preferência à roupa confortável de tamanho certo, conduza o paciente ao banheiro em intervalos regulares de tempo. O mais importante, no entanto, é você proteger o paciente do ridículo. Calmamente, conduza-o para outro ambiente e auxilie-o novamente com o vestuário.
As fases intermediárias da doença trazem para o paciente algumas dificuldades para o auto-cuidado, que se referem ao asseio pessoal, banho, vestuário, alimentação, transferência de um local para outro. No caso do asseio pessoal, pode ser preciso que você tenha que orientá-lo em como colocar creme dental na escova de dentes, fazer a barba, pentear os cabelos, higienizar-se após o uso do vaso sanitário etc. É preciso manter uma boa aparência, dessa forma observe o grau de dificuldade apresentada e auxilie-o, mas não faça por ele o que ele ainda é capaz de fazer, pois assim você estará roubando a independência que ele ainda tem.
Observando a figura ao lado é possível avaliar o grau de estresse e desconforto que a situação pode gerar para o familiar cuidador. Infelizmente, esta pode ser uma ocorrência comum e por isso, a família deve estar bem orientada sobre o tipo de conduta que deve ser tomada. O paciente deve receber estímulos para ir ao banheiro em intervalos regulares de tempo, por exemplo, a cada 2 horas. Ter seu vestuário simplificado, sem muitos botões, fivelas, cintos ou presilhas. A ingestão de líquidos deve ser feita até às 17h, sendo que após este horário, pequenas quantidades de líquidos devem ser oferecidas apenas para tomar medicamentos. O mais importante, no entanto, é que o cuidador observe diariamente o paciente para perceber precocemente as dificuldades que ele está encontrando para usar adequadamente o vaso sanitário, e auxiliá-lo nestas dificuldades.
Não se assuste se ao entrar no banheiro, você perceber que o paciente conversa com a própria imagem no espelho. Esta é uma alteração esperada, pois como a memória recente está prejudicada, ao se olhar no espelho ele pode não se reconhecer. Reaja naturalmente, e observe se isto está fazendo com que ele fique assustado ou alterado. Em caso positivo, o espelho deve ser retirado ou coberto.
Dica 7:
Banho
Uma adaptação ideal de box para pacientes com Demência em fases intermediárias e tardias. Portas largas, com material inquebrável que podem ser retiradas se houver necessidade. Aparador apenas com objetos de higiene pessoal que serão utilizados durante o banho; barras de segurança para apoio em seu interior; tapete antiderrapante; banquinho ou cadeirapara sentar-se, se necessário. A ilustração também apresenta uma alternativa que pode ser utilizada por cuidadoras de pacientes que recusam o banho: o uso do maiô e a proposta “agora vamos a praia”, em alguns casos esta alternativa pode ser útil fazendo com que o paciente aceite o banho sem resistência.
Um dos locais mais perigosos para o paciente é o banheiro. Quedas com graves conseqüências costumam acontecer neste ambiente da casa. Providencie para que a porta possa ser aberta por dentro e por fora e auxilie-o sempre que necessário. Acidente como o que é mostrado pela ilustração, pode ser evitado se alguns cuidados forem observados como: colocação de barras de segurança na parede para apoio do paciente; box com chuveiro e tapete antiderrapante em seu interior e cadeiras de banho para pacientes que não conseguem ficar por muito tempo de pé. Banheiras não são aconselháveis, entrada e saída do paciente costumam ser complicadas e oferecer riscos de quedas. Além disso, o paciente costuma sentar-se em sua beirada, o que causa pouca eficiência do banho e o expõe a correntes de ar. Banho ideal é aquele em que com segurança, permite que o corpo inteiro tenha contato com uma ducha de água morna, que além de promover limpeza, oferece conforto.
Dica 8:
Sono e repouso
Conduza o paciente para o leito o mais tarde possível, assim ele possivelmente dormirá mais rápido. Não deixe o quarto totalmente escuro, mantenha luz de vigília (abajur) acesa.
Pacientes agitados devem ter grades laterais colocadas na cama, ou, caso não seja possível, o cuidador deve manter um dos lados da cama encostando-se à parede e colocar colchonetes no chão, ao lado da cama para reduzir o impacto de quedas caso elas ocorram. Se possível, permanecer no quarto com o paciente até que ele adormeça.
Trocar o dia pela noite pode ser um hábito extremamente cansativo para o cuidador, que ao amanhecer precisará contar com energia para dar conta não apenas das tarefas que envolvem o paciente, mas também todas as outras relacionadas a casa, família, trabalho, etc. Para evitar que o paciente troque o dia pela noite evite que ele durma durante o dia, providencie atividades simples para que ele execute e se canse, evite ao máximo café preto, chá preto ou mate, pois estas bebidas são ricas em cafeína, podendo interferir com o padrão de sono. Tente levá-lo para a cama o mais tarde possível, e faça-o levantar pela manhã até 9h.

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