Pesquisa relaciona Alzheimer a sonhos

Segundo neurologista, o fato de a pessoa esquecer o que se passou no sono pode revelar a chegada da doença



Apoio dos parentes é fundamental no tratamento

Clemilson Campos/JC Imagem

Lembrar-se cada vez menos dos sonhos até esquecer-se completamente do que se passou durante parte do sono pode ser sinal de que o mal de Alzheimer está ganhando terreno em nosso cérebro. É o que observa o neurologista Paulo Brito, do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), que há quatro meses iniciou pesquisa com pacientes da unidade. Atentar para esse sintoma contribui para o diagnóstico precoce, chave de um futuro com mais qualidade de vida tanto para os afetados pela doença quanto para seus cuidadores.
Saber mais cedo se a enfermidade chegou é o tema deste ano do Dia Mundial da Doença de Alzheimer, que acontece nesta sexta-feira e terá atividades no Recife. Mas apresentar isoladamente a falta de lembranças dos sonhos não define o diagnóstico dessa enfermidade, como aponta a investigação do Huoc. Se a pessoa tem perda da memória recente, falta de coordenação motora, problema na fala, alterações de humor ou dificuldade de localização espacial, é hora de buscar ajuda.
Esquecer-se de um ou outro sonho é normal e até frequente em quem não tem o mal, ressalta Brito. Porém o sinal de alerta deve acender quando a perda for progressiva. “O padrão de lembrança dos sonhos varia. Um indivíduo pode recordar dos sonhos duas vezes por semana. Isso é comum. Mas se depois de uma certa idade a lembrança vem cada vez menos, pode ser um sinal importante para nós, apesar de inicialmente parecer inofensivo.”
O serviço de neurologia do comportamento do Huoc atende 12 novos pacientes com Alzheimer todos os meses. Nos últimos 15 anos, a média de idade deles vem decrescendo, o que significa que têm recebido diagnóstico no início dos sintomas. “Se antes chegavam pessoas com mais de 60 anos e já em fase avançada, sem poder falar e totalmente dependentes, hoje vêm a partir dos 50, o que resulta numa qualidade de vida melhor após o início do tratamento”, diz Brito.
Normalmente, a pessoa afetada não se dá conta de que tem um mal. Por isso, quem vive com ela tem papel fundamental no tratamento. Cinco anos atrás, a aposentada Júlia* (nome trocado a pedido), 67 anos, que mora em Olinda, desconfiou que a irmã mais velha, Maria*, 74, poderia ter a doença e procurou o Huoc. Maria começou trocando pedidos de clientes do ateliê de móveis que mantinha com a irmã. Agora depende de Júlia para tudo.
Sem saber quase nada do Alzheimer ao ouvir o diagnóstico, hoje Júlia é a cuidadora que dedica 24 horas do dia a dar uma vida mais confortável para a irmã. “Jamais deixaria ela ir para um abrigo. Estou a seu lado por amor, mas acima de tudo é uma questão de humanidade.”

Holdana - Ainda Espero (Clipe Oficial)

Doença de Alzheimer e disfagia


Doença de Alzheimer e disfagia

Não é segredo que a comida pode ser reconfortante. Comer é uma atividade importante porque além de questões essenciais necessárias para nossa sobrevivência, envolve questões sociais e culturais.

No entanto, esta atividade nem sempre é fácil e segura, principalmente para indivíduos que cursam com algum tipo de doença que afeta de forma importante a dinâmica da deglutição. Algumas vezes o próprio indivíduo ou seus familiares percebem que há algo de errado neste processo, mas consideram essas alterações parte do envelhecimento.

Qualquer problema no processo de deglutição que impeça ou dificulte uma alimentação normal chama-se disfagia.

A disfagia pode levar à aspiração (entrada de alimentos / saliva / líquidos na via respiratória), que gera risco de pneumonias aspirativas, desnutrição e/ou desidratação. Em alguns casos, a disfagia pode levar a graves consequências. Portanto, é importante sua identificação de forma precoce e para isso, compreender a dinâmica da deglutição normal é essencial.

COMO OCORRE A DEGLUTIÇÃO?

A deglutição é uma complexa ação neuromuscular que ocorre aproximadamente 1000 vezes ao dia e que tem como função transportar o conteúdo da cavidade bucal (saliva, alimentos, líquido ou medicamento) para o estômago.1 Os eventos orofaríngeos que ocorrem no processo da deglutição são correlacionados e a separação em fases é didática para facilitar a compreensão

Fase antecipatória

A fase antecipatória caracteriza-se por um preparo para o início da deglutição, incluindo o estímulo sensorial visual que nos permite perceber a forma de apresentação, a cor do alimento e sua textura. O olfativo nos permite sentir o aroma da comida.

Fase preparatória

A fase preparatória é voluntária, ou seja, depende da vontade de cada um. Compreende a preparação do alimento, envolvendo ações dos lábios, língua, mandíbula, palato, bochechas, dentre outras.

Na fase preparatória ocorrem as seguintes subfases: captação, preparo, qualificação, organização.

A captação consiste na preensão do alimento, na retirada do alimento do utensílio. Nesta fase, os lábios tem um papel importante. Após a entrada do alimento, os lábios permanecem fechados evitando que haja escape pela boca.

No estágio do preparo, o alimento é manipulado, mastigado. A boca possui várias terminações nervosas que são fundamentais para percebermos o sabor do alimento, consistência, forma, tamanho e temperatura.

No estágio de qualificação que se interpenetra com o de preparo, o bolo é percebido em seu volume, consistência, grau de umidificação, temperatura e sabor. Neste estágio definimos se ainda restam pedaços dentro da cavidade oral que precisam ser mastigados ou retirados, e se o alimento já está suficientemente umedecido pela saliva. Nesta fase também se programa a força de ejeção do bolo (empurrar o bolo para a faringe pela ação da língua).

O estágio da organização é aquele no qual o bolo é posicionado normalmente sobre o dorso da língua, e as estruturas ósteo-músculo-articulares organizam-se para a ejeção oral.

Fase oral

A fase oral também é voluntária e compreende o transporte do bolo para a faringe. Para que a ejeção oral aconteça é necessário o ajuste da cavidade oral para mantê-la pressurizada, ou seja, a língua faz movimentos ondulatórios contra o céu da boca, comprimindo o bolo e levando-o em direção à garganta dando início à fase faríngea da deglutição.



Fase faríngea

Na fase faríngea, que é involuntária, o bolo é transportado da faringe até o esôfago através da contração dos músculos da faringe. O alimento passa por uma região crítica (laringofaringe), por ser uma área coincidente tanto para a via respiratória quanto para a via digestiva.

Para que a deglutição ocorra de forma segura não pode haver a entrada de alimento, saliva ou líquidos na via respiratória.

A segurança desse processo está diretamente relacionada à coordenação entre as fases oral e faríngea da deglutição.



Fase esofágica

Nesta fase, também involuntária, o bolo segue pelo esôfago até o estomago. O esôfago se contrai levando o bolo alimentar em direção ao esfíncter esofágico inferior que se abre permitindo a passagem do bolo para o estômago. Após a passagem do bolo, o esfíncter se fecha impedindo o retorno do alimento para o esôfago (refluxo gastro esofágico).

Terminada a deglutição, a laringe retorna à posição normal e a respiração volta a ocorrer.



Doença de Alzheimer (DA) e disfagia:

A doença de Alzheimer é a causa mais comum de demência. É uma doença degenerativa do sistema nervoso central, de caráter lento e progressivo, que acomete inicialmente a memória e progride para outros domínios cognitivos. À medida que a DA evolui, os pacientes tornam-se cada vez mais dependentes. Iniciam-se as dificuldades de locomoção, a comunicação se torna inviabilizada e passam a necessitar de cuidados e supervisão integral.

As alterações na deglutição dos pacientes com DA iniciam-se com queixa de engasgos durante a ingestão de alimentos, principalmente líquidos. Com a progressão da doença o paciente pode ter dificuldades com outras consistências, o que leva ao comprometimento da condição nutricional.

Há relatos de dificuldades de gerenciamento da deglutição nas fases iniciais, porém os problemas mais expressivos apresentam-se nas fases moderada e grave da DA.3

Fase inicial:

Não se observa queixas específicas de alteração da deglutição. Há relatos de mudanças de hábitos alimentares.

Fase moderada:

É caracterizada por mudanças significativas nas habilidades cognitivas, que impactam na autoalimentação e deglutição. Alterações da memória podem levar o indivíduo a esquecer o que comeu, quando comeu e qual o horário da próxima refeição.

Dificuldades perceptuais e espaciais resultam em dificuldade para localizar louça e talheres e reconhecer comida e utensílios.

Apraxia de membros e apraxia oral podem levar à dificuldades na utilização de talheres e realização de ações voluntárias como abrir a boca e manipular o alimento na cavidade oral.

Alterações da linguagem podem levar à dificuldade em expressar as preferências alimentares e compreender instruções dadas durante as refeições.

Nesta fase é importante identificar a segurança da deglutição e gerenciar a capacidade de manutenção da dieta via oral. A cognição é um fator importante para considerar se o paciente terá condições de aprender a estratégias que minimizem os riscos.

Os familiares/cuidadores devem ser orientados e treinados quanto a melhor consistência de dieta a ser oferecida, o utensílio utilizado para oferta dos alimentos, o volume oferecido, manobras ou posturas utilizadas para a deglutição (a depender da condição cognitiva) e o ritmo de oferta dos alimentos.

É importante que todos estejam familiarizados com o processo de evolução da doença para que futuramente tenham condições e oportunidade de participar das decisões.

Fase grave:

Nesta fase, a quantidade de alimento ingerido pode ser insuficiente. O tempo de refeição aumenta de forma significativa. A indicação de uma via alternativa de alimentação pode ser necessária (quando a via oral ocorrer de forma insuficiente ou quando a mesma representar risco para aspiração). Esta indicação deve ser criteriosa e depende da decisão conjunta da equipe multiprofissional e familiares/cuidadores.

Algumas orientações e condutas podem permitir ao paciente disfágico uma alimentação via oral mais segura.

Estas orientações estão relacionadas à:

1- Consistência dos alimentos:

A consistência dos alimentos é modificada, ao longo do curso da doença, se necessário.

A umidificação dos alimentos é indicada para a maioria dos pacientes. Em geral, a dieta de menor risco é a consistência pastosa homogênea (consistência de creme).



O importante é a garantia de um desempenho seguro (sem a entrada de saliva/ alimentos/líquidos no pulmão) durante todas as refeições.

2-Uso de espessantes alimentares

São produtos industrializados que modificam instantaneamente a textura e consistência dos alimentos, não alterando o sabor.

São bastante utilizados para espessamento de líquidos, pois tendem a ser a consistência mais difícil por exigir adequado controle oral, agilidade e coordenação da musculatura envolvida na deglutição.

Figura I: Representação de diferentes viscosidades de alimentos/líquidos



Na avaliação funcional da deglutição o fonoaudiólogo definirá a consistência mais segura de acordo com a dinâmica de deglutição do paciente.

3- Posicionamento durante a alimentação

Uma posição correta durante a alimentação dificulta a entrada dos alimentos nos pulmões, deixando a alimentação mais segura.

Durante as refeições é importante que o paciente permaneça sentado, com o tronco reto e a cabeça erguida. Caso não seja possível, tente manter o tronco o mais reto que puder ou pelo menos a 45º (figura abaixo). Use como apoio, travesseiros, almofadas, rolos de toalhas ou lençóis



4- Ambiente

O ambiente onde o paciente será alimentado deverá ser calmo, oferecer o mínimo de distratores assim como televisores e rádios deverão ser desligados. Conversas paralelas deverão ser evitadas.

5- Higiene oral

Pacientes com precário estado de conservação dentária estão mais propensos a broncopneumonias.

Para manutenção adequada da higiene oral e para retirada da placa bacteriana é necessária a ação mecânica de escovação dos dentes.

O uso de uma pasta que tenha boa ação bactericida é indicada quando ainda o paciente tem condições de fazer “bochecho”.

Caso esteja em uma fase que já não consegue bochechar, sugere-se a utilização da própria escova e de um antisséptico a base de clorexidina a 0,12% sem álcool, não sendo necessário o enxágue.

6- Via alternativa de alimentação

A nutrição enteral é indicada a pacientes que possuem risco para aspiração ou para aqueles com ingestão alimentar insuficiente por via oral.

Cabe à equipe médica optar pela sonda naso-enteral (SNE) ou gastrostomia (GTT). A sonda naso enteral é um tubo flexível inserido no nariz. Recomenda-se que seja usada no máximo por um mês, mas na prática clínica isso não acontece. Para pacientes sem condições de manutenção de via oral exclusiva (se alimentar somente por boca), a gastrostomia é indicada. É um procedimento simples e realizado por via endoscópica.

Figura 1 - Paciente com sonda naso enteral e gastrostomia


Sinais de alerta

1- Tosse ou engasgo com alimento ou saliva;
2- Pneumonias de repetição;
3- Refluxo gastro-esofágico;
4- Febre sem causa aparente;
5- Sensação de bolo na garganta;
6- Recusa alimentar;
7- Sonolência durante as refeições;
8- Presença de sinais clínicos de aspiração: dispnéia (falta de ar), voz molhada (som borbulhante)

A constatação desses sinais de alerta, isoladamente ou em conjunto, são essenciais para definição da conduta em relação à manutenção da dieta VO (por boca).
Em caso de dúvida, peça orientação para um profissional especializado.

Referências bibliográficas:

1- Sugueno, L.A; Fussi, C. Neurofisiologia da deglutição. In: Barros, A.P ; Dedivits, R.A ; Sant’ana, R.B. Deglutição, voz e fala nas alterações neurológicas. Rio de Janeiro: Di Livros; 2013. p.3-18.
2- Palinkas, E. Estudo da alimentação e deglutição, avaliada pela videofluoroscopia, de idosos com doença de Alzheimer leve e moderada residentes na comunidade [tese]. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo; 2002.
3- Correia, SM. Avaliação fonoaudiológica da deglutição na doença de Alzheimer em fases avançadas [tese]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2010.
4- Fussi, C; Romero, S.B. Disfagia: desmistificando dúvidas na prática de equipe de enfermagem. In: Matsuba, CS; Magnoni, D. Enfermagem em Terapia Nutricional. São Paulo: Savier; 2009. p.196 – 219.
5- Silvério, C.C; Cola, P.C; Silva, R.G. Ações educativas para pacientes adultos com disfagia orofaríngea. São Paulo: Pulso Editorial; 2006.
6- Macedo, E.D; Gomes, G.F; Furkim, A.M. Manual de cuidados do paciente com disfagia. São Paulo: Editora Lovise; 2000.

Exercícios físicos

Uma nova pesquisa da Universidade da Saúde Pública de Maryland mostra que o exercício físico pode melhorar a função cognitiva em pessoas com risco de desenvolver a doença de Alzheimer, melhorando a eficiência da atividade cerebral associada à memória.
A perda de memória que leva a condição é um dos maiores temores entre a população mais idosa. Para alguns, a perda de memória é normal e esperada à medida que a idade chega. Mas um diagnóstico de transtorno cognitivo leve também pode sinalizar perda de memória mais substancial e um maior risco de doença de Alzheimer, para a qual não há, atualmente, nenhuma cura
O estudo liderado pelo Dr. J. Carson Smith oferece uma nova esperança para aqueles diagnosticados com a doença. Ele é o primeiro a demonstrar que uma intervenção de exercícios com idosos com comprometimento cognitivo leve (idade média de 78) melhorou não só a recordação da memória, mas também o funcionamento do cérebro, medido por neuroimagem funcional.
“Descobrimos que, após 12 semanas em um programa de exercício moderado, os participantes do estudo melhoraram sua eficiência neural – basicamente estavam usando menos recursos neurais para realizar a mesma tarefa de memória”, diz o Dr. Smith. “Nenhum estudo tem mostrado que uma droga pode fazer o que se mostrou possível com o exercício”.

Atividade Diária Recomendada

Dois grupos de idosos fisicamente inativos (variando entre 60 e 88 anos de idade) foram colocados em um programa de exercícios de 12 semanas, com caminhadas regulares sobre uma esteira orientadas por um personal trainer. Os dois grupos – um que incluiu adultos com Alzheimer e outro com adultos com função saudável do cérebro – melhoraram a aptidão cardiovascular em cerca de 10% no final da intervenção. Mais notavelmente, os dois grupos também melhoraram o desempenho de memória e mostraram maior eficiência neural enquanto envolvidos em tarefas de recuperação da memória.
A boa notícia é que estes resultados foram obtidos com uma dose de exercício consistente com as recomendações de atividade física para adultos mais velhos. Essas diretrizes incluem exercício de intensidade moderada (atividade que aumenta a sua frequência cardíaca e faz você suar, mas não é tão intenso que você não consegue manter uma conversa ao fazê-lo) na maioria dos dias, para um total semanal de 150 minutos.

Medir o impacto do exercício sobre a saúde do cérebro e da memória

Um dos primeiros sintomas observáveis ​​da doença de Alzheimer é a incapacidade de lembrar nomes conhecidos. Smith e seus colegas fizeram os participantes do estudo identificarem nomes famosos e mediram sua atividade cerebral enquanto eles estavam engajados em reconhecer corretamente um nome – por exemplo, Frank Sinatra, ou outras celebridades bem conhecidas dos adultos nascidos nos anos 1930 e 40. “A tarefa nos dá a capacidade de ver o que está acontecendo no cérebro quando há um desempenho de memória correta”, explica Smith.
Testes de imagem foram realizados antes e depois da intervenção de exercício de 12 semanas. Após a intervenção, foi relatada uma diminuição significativa na intensidade de ativação do cérebro em onze regiões enquanto os participantes identificaram corretamente os nomes famosos. As regiões do cérebro com a melhoria da eficiência correspondiam as envolvidas na patologia da doença de Alzheimer, incluindo a região precuneus, o lobo temporal e o giro para-hipocampal.
A intervenção do exercício também foi eficaz em melhorar a recordação da palavra através de uma “lista de tarefa de aprendizagem”, ou seja, quando as pessoas leram uma lista de 15 palavras e tiveram que lembrar e repetir quantas fossem possíveis em cinco tentativas consecutivas, e novamente depois de uma distração, com outra lista de palavras.
“As pessoas com Alzheimer têm um declínio muito acentuado da função de memória, de modo que ser capaz de melhorar a sua recuperação é um grande passo na direção certa”, afirma Smith.
Os resultados do estudo sugerem que o exercício pode reduzir a necessidade de excesso de ativação do cérebro para lembrar alguma coisa. Isso é uma notícia animadora para aqueles que buscam preservar sua função cerebral.
Dr. Smith tem planos para um estudo mais amplo que incluiria mais participantes, incluindo aqueles que são saudáveis, mas têm um risco genético para a doença de Alzheimer, e segui-los por um período de tempo mais longo com o exercício físico em comparação com outros tipos de tratamentos. Ele e sua equipe esperam aprender mais sobre o impacto da atividade na função cerebral, e se isso poderia atrasar o início ou progressão do Alzheimer. [ScienceDaily]

Alzheimer

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Os anjos da guarda de quem tem Alzheimer

Os anjos da guarda de quem tem Alzheimer
histórias comoventes de quem cuida dos pacientes da doença degenerativa que atinge 1 milhão de brasileiros – uma missão estressante e às vezes fatal
KATIA MELLO E MARTHA MENDONÇA
RECONCILIAÇÃO 
Cida, de 49 anos, voltou para o marido, Oswaldo, depois de descobrir que ele sofria de Alzheimer. Ela freqüenta um grupo de apoio aos portadores para lidar com o estresse
Em uma noite de outubro do ano passado, o carioca Oswaldo Fernandes dos Santos, de 76 anos, ex-agente da Polícia Federal aposentado, ameaçou atirar no próprio carro. Ele dizia que dentro dele estavam “espíritos e cabeças sem corpo” que o perseguiam. Sem saber como se livrar deles, telefonou à polícia. A policial que atendeu o chamado localizou e chamou Cida Fonseca, de 49 anos, ex-mulher de Oswaldo. Quando Cida chegou, deparou com um Oswaldo de olhos esbugalhados, apontando para a própria cama e dizendo: “Olha aí um espírito de bebê”. Em estado de choque, sem entender o que se passava com o homem com quem conviveu por 25 anos, Cida levou Oswaldo para fazer uma batelada de exames (e com muito jeito apoderou-se da arma dele no hospital). Suspeitava que o ex-marido tivesse tuberculose, pois perdeu 15 quilos em três meses. O diagnóstico a surpreendeu: Alzheimer, doença que ela desconhecia. Cida decidiu, então, voltar para o ex-marido, por um motivo simples: “Não havia mais ninguém para cuidar dele”. Quase um ano depois, em setembro, Cida foi internada com cólicas nos rins. “Isso é medo. A morte está presente. É muito estressante ver uma pessoa que ama morrer aos poucos”, diz ela.
Ao receber alta, um dia depois, Cida participou do primeiro encontro de portadores de Alzheimer e seus cuidadores organizado pela Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz). Antes, a Abraz fazia reuniões sem os doentes, mas concluiu que encontros conjuntos são mais eficazes. Os cuidados dos familiares e de pessoas próximas são tão importantes quanto a medicação para o tratamento do Alzheimer. De acordo com uma pesquisa qualitativa da psicóloga paulista Márcia Limeira Dourado, publicada recentemente pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, a partir do atendimento em grupo as famílias conseguem tratar melhor do paciente e, conseqüentemente, melhorar a qualidade de vida do portador – e do cuidador.
A doença de Alzheimer é degenerativa e progressiva. Geralmente, afeta os neurônios de pessoas com mais de 65 anos. Não tem cura. É a mais comum das demências: atinge 18 milhões de pessoas no mundo e 1 milhão de brasileiros. Pode se estender por mais de 15 anos (leia o quadro). Como hoje as pessoas vivem mais tempo, o número de casos tem aumentado. Segundo um relatório da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, divulgado em junho, 100 milhões de pessoas terão Alzheimer até 2050. Cerca de 40% dos casos estarão na fase avançada, em que os doentes ficam totalmente dependentes dos cuidadores. “Será uma epidemia global”, diz o responsável pela estimativa, Ron Brookmeyer.
O Alzheimer exige tanto das pessoas que cuidam dos pacientes que, algumas vezes, elas morrem antes dos doentes. É preciso que o cuidador mantenha-se física e psicologicamente saudável para dar conta de uma situação que gera extremo estresse.
“ Quem não conhece o problema talvez não entenda por que os familiares do doente dizem que se trata do luto em vida”Rosilene Souza Lima, psicóloga e gerontóloga
A gerontóloga e psicóloga Rosilene Souza Lima, coordenadora do grupo de apoio da Abraz de São Paulo, explica que a doença é uma tragédia que atinge toda a família. “O primeiro olhar dos parentes é de quem olha um louco”, afirma. “De uma hora para outra, alguém que tinha um comportamento normal começa a esquecer tudo, confundir as pessoas, tirar a roupa em qualquer lugar ou falar palavrões.” Rosilene é pioneira no tratamento conjunto de familiares e cuidadores no Brasil. “Tratar do portador de Alzheimer é também cuidar de quem está em torno dele”, diz. É preciso ensinar a lidar com a culpa, o cansaço, a impaciência, a angústia e a tristeza. “Quem não conhece talvez não entenda quando os familiares do doente em estágio avançado dizem que se trata do luto em vida”, afirma.
Na primeira fase da doença, os cuidadores podem oferecer maior autonomia aos doentes, como na hora de escovar os dentes ou tomar banho. Tomar a dianteira e fazer tudo por eles não é uma boa medida, segundo a psicóloga. É nesse primeiro estágio que a pessoa começa a perder a memória recente e não reconhecer os entes. Uma noite, o paulista Geraldo Borghi, de 78 anos, levantou-se da cama e disse à esposa: “Saia daqui porque minha mulher não vai gostar”. Não lembrava mais que Dorcelina Borghi, de 69 anos, era sua companheira de décadas. Aos poucos, Dorcelina aprendeu a lidar com os desdobramentos da doença. “São quase 50 anos juntos, e ele sempre foi um marido maravilhoso. Agora, tenho de ter muita paciência”, diz. Geraldo deixou de ver televisão, ler jornais e sair de casa. Nos raros momentos de lucidez, pede desculpas à mulher pelos transtornos que causa. “Ele me pergunta: ‘Você me perdoa?’”, afirma Dorcelina, com lágrimas nos olhos.
A compreensão é um dos sentimentos mais difíceis para o cuidador. Como entender que um homem bonito e com um físico invejável para a idade esteja com a mente em plena degeneração? “É muito duro”, diz Dorcelina, uma frase repetida constantemente pelos cuidadores. A exaustão a obrigou a recorrer a antidepressivos. Além do marido, a dona de casa ainda cuida da filha Fátima, de 48 anos, que tem problemas de visão. Dorcelina atribui seu diabetes ao estresse.
MULHER DE FIBRA
Além do marido, Geraldo Borghi, de 78 anos, que exige vigilância 24 horas, Dorcelina cuida da filha Fátima, de 48, que não enxerga bem. Dorcelina atribui seu diabetes ao cansaço
A atenção constante que o paciente exige faz com que os cuidadores raramente saiam de casa. É comum os doentes não reconhecerem onde moram e tentarem fugir. Dezenas de desaparecimentos são registrados todos os anos. Um exemplo é o de Idia Araújo Silva, de 72 anos, moradora de Bauru, São Paulo. Em dezembro do ano passado, ela desapareceu na cidade litorânea de Ubatuba. A família está preparando uma campanha com cartazes e anúncios de rádio para encontrá-la. Por conta do risco de fuga, é sempre bom avaliar se os doentes estão em local seguro. Na primeira fase, em que eles acreditam ser capazes de fazer tudo como antes, é preciso tato na hora de falar. A doença afeta a capacidade de aprendizado, de atenção, orientação, compreensão e linguagem. Em algumas situações, o portador da doença pode se tornar teimoso e insistir em fazer o que não pode. A teimosia pode levar o cuidador a sentir raiva do doente e da situação – um sentimento normal, dizem os psicólogos.
Muitos familiares ficam nostálgicos e querem que a pessoa volte a ser como era antes. A consultora financeira carioca Rosângela Littério sente falta da cumplicidade que tinha com a mãe, Laura Littério, de 60 anos, portadora de Alzheimer. Era com ela que Rosângela costumava dividir os problemas e pedir conselhos. Hoje, isso é impossível. “Choro muito sozinha. Muitas vezes, sento-me ao lado dela e desabafo. Ela ouve e até me faz carinho. Mas dez minutos depois esqueceu o que eu disse”, afirma a filha. O cuidador muitas vezes fala “com o vazio”, porque o doente, mentalmente, não está mais lá. Rosângela diz que às vezes se engana, acreditando que a mãe está melhor, e em seguida percebe que a progressiva perda de capacidades não parou. Na peça americana A Graça da Vida, em temporada em teatros paulistas, a atriz Nathalia Timberg interpreta a mãe portadora de Alzheimer, e Graziella Moretto a filha. Elas encenam uma delicada relação em que tentam fazer os acertos com o passado. O final feliz, em que a paciente se recupera, está longe da realidade. As mudanças de comportamento no Alzheimer só tendem a se agravar. “Se hoje eu fico deprimida pelas repetições das frases, imagine quando minha mãe não me reconhecer mais”, diz Rosângela. Ângelo, pai de Rosângela e marido de Laura, entrou em depressão e morreu de infarto há três meses.
“Uma velhice com saúde significa uma economia brutal para o sistema público. E não é só pelo dinheiro. O mais importante é a diminuição do sofrimento humano” 
Wagner Gattaz
 , diretor do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas em São Paulo
À medida que os cuidadores aceitam e passam conhecer melhor a doença, menos penoso fica lidar com ela. Os grupos de apoio ajudam a aliviar o sofrimento. Neles, os familiares compartilham sentimentos, pedem conselhos e desabafam. Eles aprendem que é bom dividir as tarefas em família, e não sobrecarregar um único cuidador. Geralmente, as atribuições recaem sobre as filhas solteiras, as viúvas ou os que supostamente têm mais tempo e condições financeiras. É comum as famílias brigarem por causa disso. “A doença pode desagregar a família, porque mobiliza muitos sentimentos: raiva, competição, onipotência. O filho que vê a mãe doente apenas no fim de semana não percebe a degradação dela e acha que o cuidador exagera no tratamento”, diz a psicóloga Rosilene.
Nas reuniões com parentes e cuidadores, os neurologistas e psicólogos também divulgam as últimas novidades em tratamentos e medicamentos. Um século depois de descoberto, o Alzheimer ainda não foi completamente explicado. Pode estar relacionado a fatores genéticos e ambientais ainda desconhecidos. Os neurologistas dizem que o diagnóstico precoce é fundamental para o tratamento. Muitas vezes, um sintoma do Alzheimer, como o esquecimento, é confundido como parte de um quadro natural da velhice. Centros como o Núcleo de Diagnóstico da Memória, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, realizam checkups em pessoas que reclamam da perda de funções cognitivas, como a falta de memória. Hoje, há tratamentos e remédios que freiam a evolução da doença (leia o quadro à pág. 95). Wagner Gattaz, diretor do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, em São Paulo, acredita que em breve haverá medicamentos que retardarão em até sete anos o início da doença. Gattaz e sua equipe acabam de realizar o primeiro estudo clínico que confirma na prática o benefício do lítio, uma substância química, na prevenção do Alzheimer. A pesquisa realizada com 120 idosos concluiu que os que tomaram lítio tiveram seis vezes menos riscos de contrair Alzheimer. “A maior parte dos remédios tem foco no bloqueio do acúmulo de proteínas anormais no cérebro”, diz o neurologista e professor da Universidade Federal de Minas Gerais Paulo Caramelli. A Associação Americana de Alzheimer, a maior organização privada de combate à doença, pressiona a Casa Branca para aumentar o orçamento do combate à doença para US$ 1,3 bilhão, o dobro do que vem sendo destinado desde 2003. O custo com Alzheimer para os cofres públicos, em todo o mundo, é de US$ 315 bilhões. “Uma velhice com saúde significa uma economia brutal para o sistema público”, afirma o psiquiatra Gattaz. O Ministério da Saúde criou o Programa de Assistência aos Portadores da Doença de Alzheimer, que funciona nos centros de referência, responsáveis pela distribuição gratuita de medicamentos. Os cuidadores, porém, reclamam da burocracia e dizem que nem sempre a medicação está disponível.
OPÇÃO
Lourdes Ferreira, de 62 anos, decidiu internar a mãe, Irene, em uma clínica, para que ela tivesse acompanhamento médico permanente
Além da medicação, proporcionar bem-estar ao portador é fundamental. Segundo o psiquiatra Jerson Laks, coordenador do Centro de Estudos de Alzheimer da Universidade Federal do Rio de Janeiro, terapias como artes e dança, que estimulam o cérebro do doente, não têm eficácia comprovada, mas podem ajudar o paciente a sentir-se bem. “Essa estimulação é importante para a melhora do quadro geral do paciente. Ela deve respeitar os gostos, o temperamento e o conforto dele. Pode evitar a depressão que, muitas vezes, ocorre a reboque da doença”, diz.
Os gastos com remédios – em torno de R$ 1.500 mensais – são apenas uma pequena parcela dos custos que afetam o orçamento de um cuidador. Por isso, os profissionais da área aconselham que, ao saber da doença na família, seja feito um planejamento financeiro, que deve ser atualizado à medida que a doença avança. Quem sofre de demência não tem condições de fazer operações financeiras simples, como passar um cheque. O advogado carioca de Direito de família Luiz Fernando Gevaerd cita o novo Código Civil: “Ele determina que o portador de Alzheimer em grau avançado não tem mais a capacidade civil de gerir seus bens pessoais”. Os filhos, o cônjuge e os parentes mais próximos podem requerer a um juiz o direito de agir em nome dele.
“Tenho o maior orgulho de ter cuidado com dignidade da minha mãe durante 14 anos. Valeu a pena”
Maria Aparecida, mãe de Geralda, que acaba de falecer
Outra boa razão para fazer um planejamento é que, freqüentemente, por conta da dedicação exclusiva, o cuidador é obrigado a parar de trabalhar ou contratar profissionais. O carioca Armando Martins, aposentado e ex-auditor de um banco, era dono de um comércio quando descobriu que sua mulher, Sueli Maria Couto, sofria de Alzheimer. Largou tudo para cuidar dela. Hoje, casado com Sueli há 37 anos, a dedicação continua sendo integral. Sueli já perdeu quase todas as funções cognitivas. Aos 52 anos, não fala mais e não consegue entender o que as pessoas dizem. Precisa de alguém que lhe dê banho e comida. Passa o dia inteiro andando pela casa. Como ela precisa de atenção 24 horas – muitas vezes acorda à noite e quer andar –, Armando hoje conta com duas auxiliares. No início, ele fazia tudo sozinho. “Faço tudo por ela. Até aprendi a cozinhar”, diz. Conta que deixou de ver os amigos, de ir ao cinema, de ver futebol. “Fui perdendo peso, ficando nervoso.” Passou por uma forte depressão. Hoje, sofre de diabetes. “A sorte é que tenho bons filhos”, diz. Numa ocasião em que a saúde dele estava particularmente abalada, Armando foi aconselhado a internar Sueli em uma clínica. Ela passou um ano lá. Armando, que mora em São Paulo, agora até consegue ir visitar a família no Rio de Janeiro. Afirma que teve de redimensionar o comportamento. “Eu queria dominar a doença e não conseguia. É uma frustração imensa, porque sempre pude fazer tudo.”
TOTAL DEDICAÇÃO
Armando Martins, de 61 anos, parou de trabalhar para cuidar da mulher, Sueli. Com o avanço da doença, ele teve de contratar duas ajudantes para dar conta de tarefas como alimentação e higiene
Enviar o portador de Alzheimer para uma clínica é sempre uma decisão difícil para os familiares, principalmente no Brasil, onde há uma tradição de cuidar dos mais velhos em casa. “Existe o sentimento de que o idoso está sendo abandonado em uma casa de repouso”, afirma a curitibana Marleth Silva, autora do livro Quem Vai Cuidar dos Nossos Pais – A Inversão dos Papéis Quando a Idade Avança (editora Record). A escritora entrevistou uma dezena de médicos, psicólogos e pacientes. Antes de terminar o livro, foi informada que sua mãe estava com Alzheimer. Ela não é a cuidadora – o irmão é o responsável –, mas com as entrevistas foi capaz de entender melhor como cuidar do idoso. Marleth lembra que muitos cuidadores não têm o condicionamento físico necessário para assumir a responsabilidade pelo parente. Atribuições como levantar-se de duas em duas horas para mudar a posição do doente acamado requer muito esforço. Em 2000, a pedagoga carioca Lourdes Ferreira, de 62 anos, contratou uma acompanhante para a mãe, Irene Taveira de Paula, e passou a administrar duas casas, a dela e a da mãe. Em pouco tempo, foi necessário contratar mais uma cuidadora, à medida que Irene ficava mais dependente. Aos poucos, a rotina tornou-se insuportável. Lourdes pensou em levar a mãe para a casa dela, mas desistiu da idéia. “Estou casada há 40 anos. Acomodar minha mãe e toda uma estrutura estranha a minha casa seria invadir o espaço de meu marido e de meus filhos. Sem falar de minha própria vida”, afirma. “Como no dia em que eu soube do diagnóstico, chorei e pedi uma luz: uma forma de fazer com que minha mãe ficasse bem, e minha família também.” Por fim, Lourdes encontrou uma clínica para idosos a um quarteirão de sua casa, em Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro. “Freqüentei grupos de apoio e percebi como ficavam as famílias que, por culpa ou por falta de dinheiro, cuidavam dos doentes em casa. As pessoas ficam em frangalhos, e muitas vezes não conseguem dar um cuidado adequado”, diz. No ano passado, o estado de Irene piorou bastante. Lourdes resolveu interná-la na clínica. A família ficou dividida. “No esquema antigo, ela ficava na casa de repouso a maior parte do tempo, mas, oficialmente, morava em casa”, diz. Hoje, Lourdes a visita quase todos os dias. Só pelo quarto individual, paga R$ 3 mil por mês. “Quando me perguntam se eu acho que o melhor é colocar o doente de Alzheimer numa instituição, respondo que essa solução foi melhor para mim. Cada pessoa precisa encontrar a sua.”
Na fase mais avançada da doença, o isolamento entre cuidador e paciente aumenta. Foi nesse período que Geralda Albuquerque Guimarães, de 84 anos, perdeu a maior parte dos movimentos. Geralda sempre foi uma mulher independente. Administrava o próprio dinheiro e viajava o mundo inteiro. Conheceu os Estados Unidos, a Europa, a China, o Japão. Para a caçula Maria Aparecida, de 59 anos, hoje presidente da Associação de Parentes e Amigos de Pessoas com Alzheimer (Apaz), foi muito difícil ver a própria mãe com Alzheimer. “Ela sempre disse que ficar dependente de alguém seria como a morte.” Há um mês, Aparecida achou a mãe esquisita, embora ela não demonstrasse nada. “Era uma coisa no olhar. Uma angústia”, diz. Aparecida interpretou como dor. Estava certa. Geralda estava com princípio de pneumonia – uma das causas mais freqüentes de morte dos pacientes de Alzheimer. Geralda morreu enquanto esta reportagem era preparada. Aparecida resumiu diante da perda a atitude de um anjo da guarda. “Tenho o maior orgulho de ter cuidado com dignidade de minha mãe durante 14 anos. Valeu a pena.”
Quem foi Alzheimer
Em 1901, o neurologista alemão Alois Alzheimer (1864-1915, foto acima) diagnosticou uma “rara doença de córtex cerebral” na paciente Auguste Deter, de 51 anos. Em 1906, Alzheimer descreveu a doença neurodegenerativa pela primeira vez em uma conferência. O médico definiu a patologia neurológica como uma demência cujos sintomas seriam déficit da memória, alterações de comportamento e incapacidade para executar atividades rotineiras. Anos depois, um colega de Alzheimer, Emil Kraepelin (1856-1926), deu à doença o nome do neurologista.




O manual do cuidador
A tarefa nem sempre é fácil. Exige paciência, criatividade, dedicação e, principalmente, afeto
Uma nova rotina
Ela pode auxiliar o portador a se adaptar à doença e facilitar o cumprimento das atividades, como horário para a medicação, banho e alimentação
Incentivo à independência
Estimule atividades do cotidiano, como se vestir sozinho. Nessas ações, é preciso supervisionar e respeitar as limitações do portador
Dignidade
Envelhecer com dignidade é um dos principais desejos do idoso. Portanto não exponha suas condições na frente de outras pessoas. Converse sobre as dificuldades do paciente longe dele
Confrontos
Inevitavelmente, conflitos vão surgir. Mantenha a calma e lembre-se que está lidando com uma pessoa que pode sofrer de momentos de agitação, extrema irritação e até agressividade. O contato físico, como um carinho, sempre ajuda a acalmar os ânimos
Segurança
A casa segura evita acidentes e fugas repentinas. O portador, muitas vezes, não reconhece mais o lugar onde mora e tenta fugir. Verifique todos os móveis e utensílios que oferecem riscos
Diálogo
Perguntas e respostas simples ajudam a compreensão. Faça-as de uma maneira que o portador possa dizer “sim” ou “não”, seja por meio de palavras ou gestos. Com o avanço da doença, certifique-se de que ele está sendo entendido por todos e tendo suas necessidades atendidas. Use palavras-chave que remetam à memória que ele ainda preserva
Saúde física
O exercício físico é um colaborador na manutenção da saúde como um todo, desde que respeitadas as condições do doente. Pergunte ao médico o que é mais apropriado para ele 
Mitos e verdades
VerdadeMito
O diagnóstico não é 100% certo A única forma de comprovação é um exame do tecido cerebral após a morte do doente. Em vida, o diagnóstico é feito por exclusão de outros tipos de demências. Hoje, os acertos são superiores a 90%O primeiro sintoma é sempre a perda da memóriaIsso acontece na maioria das vezes. Outros sintomas, como instabilidade emocional, dificuldade de concentração ou de tomar decisões, também podem ser os primeiros
O nível de educação e tempo de trabalho ajudam a determinar quem terá Alzheimer na velhicePesquisas já demonstraram que pessoas que sempre trabalharam e tiveram maior tempo de educação formal correm menos riscos de adquirir AlzheimerA doença de Alzheimer é hereditária
Normalmente a doença só está relacionada a fatores genéticos quando ela aparece em adultos jovens (30, 40 anos). E estes casos correspondem a apenas 5% do total
Não existe nenhum medicamento que interrompa o processo da doença
Alguns medicamentos podem tornar o processo mais demorado ou atacar problemas paralelos da doença, como insônia ou agitação. Mas não interrompem o processo
Alzheimer é uma doença feminina
Homens e mulheres têm Alzheimer. Embora a doença se manifeste mais entre as mulheres, não se sabe se o risco está no sexo ou no fato de elas terem maior expectativa de vida
Alzheimer prejudica o sistema imunológico
É comum a ocorrência de infecções respiratórias e urinárias. Pneumonia é uma causa freqüente de morte
O doente tem direito a saber que tem Alzheimer
A decisão depende da família. A orientação é, na medida do possível, poupar o paciente
Não há cura para Alzheimer
Atividades que exercitam a mente, como leituras ou palavras cruzadas, ajudam a adiar o processo. Uma vez instalada a doença, as atividades servem para manter o doente relaxado e ocupado, mas não a fazem regredir
Um parente é sempre o melhor cuidador
Muitos familiares sentem culpa por deixar o doente com cuidadores profissionais ou instituições, mas a partir de determinado estágio da doença a clínica pode ser a melhor opção



Tratamentos e medicação 

As drogas só devem ser tomadas com prescrição médica. Algumas delas
causam efeitos colaterais
Nas fases inicial e intermediária, as drogas aumentam os níveis de acetilcolina, um neurotransmissor no cérebro. São: donepezil, galantamina e rivastigmina (optando-se por uma delas). Diz-se que têm ação colinérgica, ou seja, um efeito sobre o funcionamento cognitivo, mental. Melhoram o desempenho funcional e as atividades do dia-a-dia e têm alguns benefícios sobre os sintomas comportamentais. “Delírios, alucinações e comportamento agressivo tendem a diminuir, claro, com variações de um paciente para outro”, diz Paulo Caramelli, neurologista
Nas fases moderada e grave, outro medicamento (combinado com um dos primeiros) é aconselhável: a memantina, um modulador do glutamato, outro neurotransmissor

Mês de Conscientização


Alguns locais onde denunciar violência contra idosos

De acordo com o Estatuto do Idoso, aprovado em 2003, nenhum idoso poderá ser objeto de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão. Portanto, faça valer seus direitos. Em caso de agressão ou maus tratos, procure a Promotoria do Idoso de sua região. Confira os endereços:

Região Sudeste

Rio de Janeiro


Promotorias de Justiça de Proteção ao Idoso e à Pessoa Portadora de Deficiência Av. Marechal Câmara, 186, 4º andar - Centro Tel: (21) 2550-9050 Ligue-idoso: (21) 2299-5700 Site: http://www.mp.rj.gov.br Email: cao3@mp.rj.gov.br

São Paulo

Núcleo de Atenção ao Idoso
Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça Cíveis e de Tutela Coletiva
Rua Riachuelo, 115, 7º andar, sala 720, Centro
CEP 01007-904 - São Paulo-SP Tel: 11 3119-9844 | 3119-9525 | 3119-9590 (fax)
Site: http://www.mp.sp.gov.br
Email: caocivel@mp.sp.gov.br

Promotoria de Justiça da Pessoa com Deficiência de Presidente Prudente
Av. Cel. José Marcondes, 2.201 - Vila São Jorge Presidente Prudente - SP Tel/Fax: (018) 3221-3144 ramal: 207
Site: www.pjpp.sp.gov.br
E-mail: luiz.ferreira@mp.sp.gov.br


Vitória - Espírito Santo

Centro de Apoio Operacional Cível e de Defesa da Cidadania
Rua Humberto Martins Paula, 350 - Edifício Promotor Edson Machado - Enseada do Suá
Tel: (27) 3224-4517
Site: http://www.mp.es.gov.br


Belo Horizonte - Minas Gerais


Centro de Apoio Operacional - Pessoas com Deficiência e Idosos - CAO-PPDI
Av. Raja Gabaglia, 615 - Térreo - Cidade Jardim
CEP 30180-090
Tel: (31) 3295-2838 / 3295-1727 (fax)
Site: http: www.mp.mg.gov.br
Email: caoppdi@mp.mg.gov.br

Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência e Idosos de Belo Horizonte
Rua dos Timbiras, 2928 - 7º andar - Barro Preto
CEP: 30140-062
Tel: (31) 3295-2045 / 3295-3935 (fax)
Email: pj.idoso@mp.mg.gov.br pj.deficiente@mp.mg.gov.br

Região NordesteFortaleza - CearáPromotoria do Idoso e do Deficiente
Rua Assunção, 1100 - José Bonifácio
Tel: (85) 3452-3756
Disque-denúncia: 0800-850022
Site: http://www.mp.ce.gov.br

João Pessoa - ParaíbaProcuradoria de Defesa dos Direitos do Cidadão
Rua 13 de maio, 677 - Centro
Tel: (83) 2107-6112

Recife - PernambucoAv. Visconde Suassuna, 99 - Santo Amaro
Tel: (81) 318-27417
Disque-idoso: 0800 2812280
Site: http://www.mp.pe.gov.br

Salvador - BahiaPromotoria de Justiça da Cidadania
Av. Joana Angélica, 1312 - Nazaré
Tel: (71) 3324-6406 | 3324-6408
Site: http://www.mp.ba.gov.br
Email: caoci@mp.ba.gov.gr
Email: cidadania@mp.ba.gov.br

São Luís - Maranhão
11a. e 18a. Promotoria Especializada dos Direitos da Pessoa com Deficiência Av. Daniel de La Touche, 2800, Elevado da Cohama (Garden Shopping), salas 78 e 79
CEP: 65061-022
Tel: (98) 3219-1904 | 3219-1836 e 3219-1816 | 3219-1314 Fax: (98) 3219-1880 Disque-denúncia: 0800-981600
Site: http://www.mp.ma.gov.br/pid/index.htm
Email: pid@pgj.ma.gov.br

Teresina - Piauí

Promotoria do Idoso
Rua Álvares Mendes, 2294 - Centro
CEP: 64.000-060
Tel: (86) 3216-4550

Centro de Apoio Operacional de Defesa dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência - CADD
Tel: (86) 3216-4550
Site: http://www.mp.pi.gov.br
Email: cadd@mp.pi.gov.br


Região NorteBelém - Pará
Promotoria de Justiça de Defesa do Idoso e da Pessoa com Deficiência
Rua Ângelo Custódio, 36 - Anexo do Ministério Público - Cidade Velha
Tel: (91) 4008-0410
Site: http://www.mp.pa.gov.br
Email: deficiente@mp.pa.gov.br

Boa Vista - RoraimaPromotoria de Defesa do Consumidor e da Cidadania Ministério Público do Estado de Roraima
Av. Santos Dumont, 710 - São Pedro
Tel: (95) 3621-2900 | 2917
Site: http://www.mp.rr.gov.br/promotorias

Macapá - Amapá
Promotoria da Cidadania de Macapá
Rua Paraná, 336 - Santa Rita
CEP: 68.900-000
Tel: (96) 3212-1850
Site: http://www.mp.ap.gov.br
Email: mp@mp.ap.gov.br

Manaus - Amazonas

Promotorias Especializadas na Proteção e Defesa dos Direitos Constitucionais do Cidadão - PRODEDIC
Av. Coronel Teixeira, 7955 - Nova Esperança
Tel: (092) 3655-0500
Disque-denúncia: 0800-920500
Site: http://www.mp.am.gov.br

Palmas - TocantinsPromotoria do Idoso
Praça dos Girassóis, s/nº
Tel: (63) 3218-3586
Site: http://www.mp.to.gov.br

Porto Velho - RondôniaCentro de Apoio Operacional Cível
Rua Jamari, 1555, bairro Olaria
CEP 78903-037 - Porto Velho - RO
Tel 69 3216-3850 | 3216-3762 | 3216-3989 (fax)
Site: http://www.mp.ro.gov.br/web/caocivel

Rio Branco - AcrePromotoria Especilizada de Defesa da Cidadania e da Saúde
Av. Getúlio Vargas, 2061 - Bosque
Tel: (89) 3212-2088
Site: http://www.mp.ac.gov.br/


Região Centro-Oeste
Goiânia - Goiás
Promotoria do Idoso e do Deficiente
Rua 23, esquina com a Av. B, Quadra A-6, Lote 15/24 - Jardim Goiás
Tel: (62) 3243-8070
Email: esmp@mp.go.gov.br
Site: http://www.mp.go.gov.br

65ª Promotoria de Justiça de Defesa do Cidadão
Tel: (62) 3243-8130 65
Email: promotoria@mp.go.gov.br

Cuiabá - Mato GrossoPromotoria de Justiça em Defesa da Cidadania
Rua 08, s/nº - Edifício das Promotorias de Justiça - Térreo Centro Político Administrativo, Cuiabá-MT
CEP 78050-070
Tel: (65) 3613-5280 | 3613-5267 | Fax: 3613-5219
Disque- cidadania: 0800-6471700
Site: http://www.mp.mt.gov.br/

Campo Grande - Mato Grosso do SulPromotoria de Justiça de Defesa da Cidadania
Rua Padre João Crippa, 753 - Centro
Tel: (67) 3321-3250
Site: http://www.nppd.ms.gov.br

Brasília - Distrito FederalPromotoria de Defesa do Idoso e do Portador de Deficiência - PRODIDE Edifício do Ministério Público do Distrito Federal Eixo Monumental 1º andar, Salas 125 e 127
Tel: (61) 3343-9414 | 9960 Disque-idoso: 0800-6441401
Site: http://www.mpdft.gov.br

Ministério Público do Trabalho Procuradoria Geral do Trabalho
SAS Quadra 4, Bloco L, Sala 803
CEP: 70070-900
Tel: (61) 3314-8533

Região Sul
Curitiba - Paraná
Promotoria dos Direitos do Idoso
Av. Marechal Floriano Peixoto, 1251
Tel: (41) 3219-5254
Site: http://www.mp.pr.gov.br

Florianópolis - Santa Catarina
30ª Promotoria de Justiça
 de Florianópolis
Av. Othon Gama d'Eça, 611, 3º andar, Edifício Palas - Centro
Tel: (48) 3229-7507 | 3229-7508
Site: http://www.mp.sc.gov.br

Porto Alegre - Rio Grande do Sul
Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos
Rua Santana, 440, 7º andar - Santana
CEP: - 90040371
Tel: (51) 3288-8916 | 3288- 8912
Site: http://www.mp.rs.gov.br/promotorias
Email: dhumanos@mp.rs.gov.br


Dr. Norton Sayeg explica tudo sobre o Mal de Alzheimer!

A sobrecarga dos cuidadores no AlzheimerE-mail

O Cérebro Alzheimer
Escrito por Roger Soares   
A sobrecarga dos cuidadores de pacientes com Alzheimer

A Doença de Alzheimer é um desafio para os familiares e cuidadores. Pela própria natureza da doença que torna o portador cada vez mais dependente do seu redor, fica claro que o sofrimento da doença não se restringe ao indivíduo diretamente afetado e atinge os que estão à sua volta, modificando a vida de todos. Os vínculos afetivos mais fortes podem se desgastar pelas mudanças financeiras, sociais e psicológicas que a doença determina. Para um tratamento adequado da doença de Alzheimer, precisamos investir no paciente e também ficar atentos para os sinais de cansaço ou estresse emocional que afetam os cuidadores.

Existem muitos motivos para que ocorra uma sobrecarga nos familiares e cuidadores dos pacientes com Alzheimer. O aumento dos gastos financeiros com medicação, fraldas geriátricas, adaptações de acessibilidade, pagamento de cuidadores e até a retirada de um dos familiares do mercado de trabalho para prestar assistência é um dos muitos aspectos. Acompanhar uma doença crônica em seu caminho de deterioração inexorável, desmontando a pessoa que amamos pode dar a sensação de impotência e de fracasso. As mudanças comportamentais que chegam a tornar o idoso agressivo, inquieto, perambulando pela casa à noite ou gritando o dia inteiro podem fazer os cuidadores se questionarem o que fizeram para merecer essa pena. Muitas vezes, chegam a acreditar que o problema é pessoal e que o paciente faz certas coisas de propósito. Essa é uma visão distorcida que gera ainda mais dificuldades.
Nos serviços especializados no atendimento a portadores de Alzheimer fazemos periodicamente uma avaliação sistemática da sobrecarga dos cuidadores. A partir daí, tomamos medidas que podem ser voltadas ao melhor manuseio do paciente, orientamos tratamento da ansiedade ou depressão dos cuidadores e, quando se faz necessário, trazemos a discussão com os responsáveis sobre a possibilidade de transferir o paciente para uma clínica de idosos especializada em Alzheimer.
Apesar da abordagem ativa, continua sendo difícil o acesso aos sentimentos dos cuidadores. Não é raro que muitos passem por problemas sérios antes de procurarem ajuda médica. Temos vários exemplos dessas dificuldades e relataremos alguns.
Às vezes existe um certo embaraço por parte dos cuidadores em externar seu estresse pelo medo de "criar mais um problema" sobre a já complicada situação do paciente. 
Outras vezes o que predomina é a sensação de obrigação de cuidar do pai ou mãe doentes, sem poder esmorecer. Nessas situações, dar sinal de cansaço pode ser percebido pela própria pessoa como uma fraqueza ou incompetência em cumprir as obrigações filiais.
Existem também as situações em que são muitos irmãos intervindo no tratamento do paciente, mas apenas uma pessoa diretamente envolvida no dia-a-dia. O esforço de quem se dedica no cotidiano pode não ser devidamente apreciado pelos demais. O mal-estar de quem cuida efetivamente pode ser visto com descaso por aqueles que se revezam para visitar o doente nos finais de semana. Essa atitude leva a um encolhimento da pessoa sobrecarregada que, não tendo com quem se abrir, vai engolindo o quanto pode.
Não é infreqüente acontecer o oposto do que dissemos. Muitas vezes assistimos a cenários nos quais todos os irmãos se eximiram da responsabilidade e deixaram todos os cuidados para uma filha ou filho que assumiram tudo por não ter outra escolha. Como não têm para quem correr, acreditam que não podem se queixar porque o fardo é deles mesmo e não adianta reclamar. Aquele que ampara fica, ele mesmo, desamparado.
Pode ser que algumas vezes as condições sejam ideais para o tratamento, mas ainda assim há dores e sofrimento. A família pode ter recursos financeiros para absorver os custos da doença. Os filhos do paciente podem ser companheiros e se revezarem efetivamente nos cuidados. O indivíduo doente pode receber o melhor tratamento médico, ajudando a controlar os sintomas comportamentais. Todavia, permanecem elementos desconcertantes e que abalam emocionalmente as pessoas próximas.
Para ilustrar, lembramos a primeira fase que precede o diagnóstico. Nela os familiares convivem com um indivíduo doente sem se darem conta do problema e de sua dimensão. De acordo com a dinâmica da família ou sendo o paciente uma figura forte, fica difícil desautorizar suas atitudes ou fazê-lo reconhecer que não se encontra tão apto para tomar decisões. Dependendo do grau de dominância, o cônjuge e os filhos chegam a se recusar a reconhecer que exista algo de errado até que muitos danos tenham se sucedido.
Outro momento difícil é o da abertura do diagnóstico. A aceitação de uma patologia sem tratamento curativo e a perspectiva de um desenrolar longo e penoso pode não ser complexa e leva à busca de várias opiniões médicas e de tratamentos alternativos de todos matizes. A partir do momento em que a confirmação do problema ocorre, surgem também as questões de cunho legal como a administração dos bens do paciente que deve ser feita em seu benefício por alguém capaz e íntegro.
Ao longo do tempo, com a desestruturação das funções cognitivas e com as alterações de comportamento, os familiares testemunham a gradual desmanchar da personalidade que aprenderam a amar e a respeitar durante a vida. Enfrentar a dependência do pai ou da mãe, cuidar do asseio íntimo, do banho e do vestir também requer ultrapassar a barreira do pudor. Existem os que o fazem pela via da despersonalização, cultivando um certo distanciamento emocional dessas questões nos momentos de execução das tarefas. Outros, seguem pela via do amor e encaram o problema por meio da compaixão. De qualquer forma, o obstáculo precisa ser superado.
Existem ainda uma infinidade de situações que não conseguimos descrever nesse breve espaço, como a privação de sono contínua para cuidar do doente, a perda da privacidade e da vida afetiva em outras esferas, e tantas outras que aprendemos a conhecer e reconhecer com nossos pacientes. O fato é que aqueles que passaram pela experiência de ser cuidador de um paciente com Alzheimer, esses se sentem como tendo feito uma faculdade inteira sobre o problema, tamanha a experiência que acumularam. Mas para alcançar o sucesso nessa jornada é preciso saber pedir ajuda e contar com o auxílio dos profissionais e com a experiência de quem passou por algo semelhante. Aos novatos informamos: a tarefa é grande, mas com as ferramentas certas é possível executá-la.

Tel: 11-3266-7024/2476-0346

Como o óleo de Coco retarda o Mal de Alzheimer? - Dr. Rondó explica!

Cacau e Alzheimer

Segundo um novo estudo da Escola de Medicina Icahn no Monte Sinai (EUA), um tipo de preparação específica do extrato de cacau, chamado de cacau lavado, pode reduzir os danos vistos nos cérebros de pacientes com doença de Alzheimer muito antes deles desenvolverem sintomas.
Cacau lavado é composto principalmente de polifenóis, antioxidantes também encontrados em frutas e legumes. Alguns estudos já sugeriram que polifenóis podem prevenir doenças degenerativas do cérebro.
O estudo
Os pesquisadores utilizaram ratos geneticamente modificados para imitar a doença de Alzheimer. Quando os animais receberam extrato de cacau lavado, a proteína β-amiloide não formou aglomerados pegajosos nos seus cérebros, conhecidos por danificar as células nervosas, conforme a doença de Alzheimer progride.
Dentro de vias nervosas saudáveis, cada célula nervosa emite um pulso elétrico até que ele atinja uma sinapse (espaços entre as células nervosas) onde provoca a liberação de substâncias químicas chamadas neurotransmissores, que passam informações adiante no cérebro.
Os aglomerados pegajosos de que falamos acima se constroem normalmente em torno de sinapses. A teoria é que eles interferem fisicamente com estruturas sinápticas e perturbam os mecanismos que mantêm a capacidade dos circuitos de memória. Além disso, desencadeiam respostas inflamatórias do sistema imunológico, como uma infecção, que acabam danificando nossas próprias células.
“Nossos dados sugerem que extrato de cacau lavado previne a formação anormal de aglomerados, evitando, em último caso, o declínio cognitivo”, disse o principal autor do estudo, Giulio Maria Pasinetti. “Dado que o declínio cognitivo na doença de Alzheimer se inicia décadas antes dos sintomas aparecerem, acreditamos que nossos resultados têm amplas implicações para a prevenção da doença de Alzheimer e da demência”.
Chocolate não, extrato de cacau lavado
Esse estudo é o primeiro a sugerir quantidades adequadas de polifenóis específicas para impedir a formação de aglomerados que danificam o cérebro como um meio de prevenir a doença de Alzheimer.
A equipe testou os efeitos de três tipos extratos de cacau que contêm diferentes níveis de polifenóis: natural, holandês e lavado. Cada tipo foi avaliado quanto à sua capacidade de reduzir a formação de aglomerações e proteger a função sináptica.
Extrato lavado
“Houve algumas inconsistências na literatura médica sobre o benefício potencial de polifenóis do cacau na função cognitiva”, disse o Dr. Pasinetti.

, que tem o maior teor de polifenóis e atividade anti-inflamatória entre os três, foi o mais eficaz em reverter os danos às sinapses nos ratos do estudo.
“Nossa descoberta de proteção contra déficits sinápticos pelo extrato de cacau lavado, mas não o holandês, sugere fortemente que os polifenóis são o componente ativo que resgatam a transmissão sináptica, uma vez que grande parte do conteúdo de polifenóis é perdido pela alta alcalinidade no processo holandês”.
Como a perda de função sináptica pode ter um papel mais importante no dano à memória do que a perda de células nervosas, o resgate da função sináptica pode servir como um alvo mais confiável para uma droga eficaz contra a doença de Alzheimer.
Além disso, o extrato de cacau lavado pode atuar como um suplemento dietético seguro, barato e facilmente acessível para prevenir a doença de Alzheimer, mesmo nos estágios iniciais assintomáticos da condição. [Science20]

Cuidar


Descobri uma forma para lidar com esta doença, triste, dolorosa, inquieta, cansativa,angustiante,deprimente,solitária e intrigante.
 Entrar no ritmo da paciente, que no caso é minha mãe...
Em 2012 foi constatado o Mal de Alzheimer em minha mãe...foi um caos na minha vida...fiquei triste,desiludida,desesperada,angustiada,falei muita bobagem,quis fugir...sou filha única,meu pai falecido,a família de minha mãe, dos 6 irmãos,5 irmãos e mais meu avó faleceram com essa doença...e minha mãe nunca foi uma pessoa presente entre os familiares...então só me restou...
Depois de vários problemas,assumi a responsabilidade de trazer ela para morar aqui em casa,comigo,meu filho caçula,meu marido,3 cadelas e 1 gata...foi um caos...no início ela gritava,me batia,queria fugir,chamava a polícia,chamava os vizinhos...e eu estressada...o estresse continua,mais num estágio mais controlado,um pouco mais.
Consegui a indicação de um bom neurologista que conseguiu encontrar uma medicação que a controla...nada de sossega leão.
Hoje em dia,ela está calma,são raras as crises.
Já não reconhece ninguém daqui de casa,ainda se alimenta sozinha,toma seu banho diário,tem dias que só toma banho depois que eu brigo..como se eu estivesse brigando com uma criança que faz pirraça..tem dias que come muito bem,tem dias que não come nada e entra em depressão,vaguei,dorme,levanta,come,e nada sabe,uma tristeza um final de vida assim.
Percebendo a dificuldade de ter lazer para um Portador de Alzheimer resolvi entrar numa luta para chamar a atenção das autoridades e lancei no mercado um adesivo para carros:quero dizer eu não tenho carro e uso na porta da minha casa,estou vendendo cada adesivo no valor de R$ 4,00 incluindo o envio no Brasil pelos correios...
A marca já foi registrada no INPI- Instituto Nacional da Propriedade Industrial.
E caso alguém queira comprar o adesivo por gentileza entre em contato por e-mail...obrigada.
O projeto em si abrange vários itens necessárias para os portadores de Alzheimer conseguirem uma sobrevida melhor..assim que eu tenha algo concreto passo informações detalhadas.

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