7 conselhos para Cuidadores de Idosos (familiares e profissionais)

Cuidem-se para não ficarem piores que o doente. Uma coisa é assumir a responsabilidade de ajudar o doente a viver melhor! Outra é se valer desta responsabilidade para se martirizar.
Por Ana Fraiman -  Mestre em Psicologia Social pela USP e doutora em Ciências Sociais pela PUC-SP.
As coisas mudaram? Mudaram. E vão mudar mais ainda. Se o cuidador, familiar ou profissional contratado permanecer grudado, colado no paciente demenciado, vai levar a coisa como se a doença fosse sua. E o risco de ficar pior do que o próprio doente é muito alto! Cuidem-se, portanto, para não ficarem piores que o doente. Uma coisa é assumir a responsabilidade de ajudar o doente a viver melhor! Outra é se valer desta responsabilidade para se martirizar.
Quando faltar atitude, palavras ou amor, quando a paciência se esgotar e a tolerância se fizer ausente, ainda resta orar! E, para quem não acredita no poder das orações, resta pedir ajuda e se afastar, ainda que por breves intervalos de tempo. A vida continua e o paciente não vai se recuperar se o cuidador adoecer
Só os mais arrogantes se sentem impotentes: de nada adianta ser teimoso e querer mudar o rumo de uma história que tomou caminhos nunca antes explorados, para o que ninguém está, nem longe, preparado. Agora, resta aprender e parar de querer controlar as coisas. Abra mão dessa teimosia, e muita coisa boa ainda poderá acontecer.
APRENDIZADOS QUE FORAM E TÊM SIDO MUITO ÚTEIS: BONS CONSELHOS DAQUELES QUE JÁ CUIDAM OU CUIDARAM DE PACIENTES COM DEMÊNCIA.
1. Leve o paciente para almoçar ao ar livre
Estudos científicos mostraram que, comer e beber ao ar livre podem melhorar a qualidade de vida. Faz com que as pessoas sintam que fazem parte de um grupo. As dificuldades físicas causadas pela demência pode dificultar a vida social, e a pessoa pode ficar muito deprimida e até agravar o quadro clínico.
Faça isso de vez em quando, portanto. Leve o seu parente para almoçar ao ar livre em um dia ensolarado e sente-se à sombra, com muita água fresca à mão. Convide amigos e familiares para socializar com ele. Isso o fará sentir-se melhor.
2. Deixe-o observar e imitar as suas ações
Outro estudo comprovou que realizar refeições com pacientes com Alzheimer ou demência pode ajudá-los a realizar certas tarefas, pois eles observam suas ações e as imitam. Por exemplo, uma pessoa com demência pode ter dificuldade para segurar garfo e faca e, às vezes não sabe o que fazer com eles.
Ao observar os outros fazendo suas refeições, isso pode ajudá-los a lembrar. Isso não se restringe às refeições. Pode ser feito em outras atividades, como usar o telefone e lavar roupa. Os pacientes observam e imitam. Isso é fundamental para que tenham mais independência, além de diminuir o avanço da doença.
3. Prepare uma refeição que ele reconheça
No caso da demência, é mais fácil para o paciente recuperar algumas memórias da infância do que lembrar o que aconteceu no dia anterior. Então, prepare alguma refeição que faça parte destas suas memórias. Lembre-se de algum preparo do qual ele gosta muito e faça. Isso será um grande benefício para a mente e o bem-estar do paciente.
Em relação a temperos, muito provavelmente as recordações não surgirão tão facilmente, inclusive porque poderá já ter acontecido uma grave perda de olfato e, por consequência, de paladar. Além disso, em vez de implicar, caso o paciente esteja quebrando ou trincando muita louça, substitua por pratos e copos de outro material que não porcelana e vidro.
4. Peça para que o doente toque piano, violino ou flauta, por exemplo.
Isso vale somente para aqueles que já tenham tocado algum destes instrumentos, inclusive outros, anteriormente. Um estudo realizado em 2015 com 200 pacientes que residiam em casas de cuidados para idosos mostrou que aqueles que não realizavam atividades durante o dia tinham menos qualidade e expectativa de vida. Também foi comprovado que a maioria das atividades de casas de repouso nem sempre atraem tanto os pacientes, por exemplo, atividades estereotipadas como bingo, televisão e muitas das atividades manuais.
Dentro do estudo, alguns participantes disseram que gostariam de tocar piano, mas ninguém os encorajava a isso, pois os profissionais responsáveis pelos idosos achavam que eles não tinham capacidade para tanto. Por fim, foi comprovado que pacientes que realizavam hobbies e atividades que já costumavam realizar, anteriormente, tinham mais facilidade de socialização e se mostravam menos propensos a momentos de solidão e frustração.
5. Verifique cuidadosamente se a pessoa bebe água ao longo do dia
A desidratação é uma das maiores causas de óbito de pessoas com demência. Com o avançar da idade e a progressão da doença, elas esquecem de diversas atividades, inclusive de tomar água durante o dia. Ou, simplesmente não tomam porque não identificam sua sede e não conseguem pedir, seja por terem perdido a capacidade de comunicação e/ou por terem dificuldade de engolir.
Por conta disso, delicadamente faça com que o seu parente tome água durante o dia, e também em forma de sucos, chás e, até mesmo isotônicos, que servem para repor os minerais. Sopas, quentes ou frias e, refeições que introduzam alimentos com alta quantidade de água, também são uma boa opção, como maçã, pepinos e folhas.
6. Ponha para tocar as músicas que foram as favoritas do seu parente
A música tem o enorme poder de elevar o espírito e proporcionar bem estar, e isso inclui pessoas com demência. De acordo com a Associação de Alzheimer, nos Estados Unidos, a música pode acalmar pacientes muito agitados, melhorar o humor e também a coordenação motora, pois o motor central do cérebro responde imediatamente ao estímulo do som.
Procure pelos sucessos de quando seu parente tinha 20 anos, pois esta é uma fase da vida em que somos muito ligados à música. Isso haverá de reativar a sua memória e, mesmo doentes já bastante alheados haverão de participar, batendo palmas, cantarolando e até mesmo, levantando-se de suas cadeiras para dançar.
7. Faça passeios em meio à natureza
Pequenos passeios e caminhadas em locais onde há natureza faz com que as pessoas sintam-se melhor e mais à vontade. Um estudo científico realizado em 2014 mostrou que pacientes com demência, que passavam mais tempo em locais ao ar livre, como jardins, eram menos agitados comparados aos que ficavam em locais fechados.
Rebecca Whear, a profissional responsável pelo estudo, declarou que cenários como jardins são uma forma de terapia em que as pessoas têm mais facilidade de se envolver com o ambiente. Pacientes com demência são encorajados a sentir o perfume das flores ou, simplesmente pisar descalço na terra ou grama. Em alguns casos faz com que se lembrem da época em que cuidavam de flores e plantas em seus jardins, quando mais jovens. Talvez isso desperte sua vontade de voltar a plantar. E, porque não?! Vocês poderão fazê-lo juntos.
Texto extraído e editado do site TUDOPOREMAIL.COM

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